Por que Aloysio Nunes foi a Washington logo depois da votação?
O vice-presidente teria enviado Nunes para Washington, para lançar uma “contraofensiva de relações públicas” e combater o aumento do sentimento anti-impeachment ao redor do mundo"
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Política Impeachment
Após votação favorável ao impeachment da presidente
Dilma
Rousseff, em um ato simbólico, o deputado federal Bruno Araújo
deu o voto favorável nº 342, mínimo para admitir o processo. Tal político foi
mencionado em um documento que diz que ele teria recebido fundos ilegais de uma das principais empreiteiras envolvidas no atual escândalo de corrupção do
país, segundo escreveu o senador
Lindbergh
Farias em seu
Facebook.
A revista
The
Economist, escreve que
“na falta da prova de um crime, o impeachment é injustificado” e “parece apenas um pretexto para expulsar um presidente impopular.”
Os processos de domingo (17) foi
presidido por Eduardo Cunha,
que teve milhões de dólares sem origem legal recentemente descobertos em contas secretas na Suíça, e que mentiu sob juramento ao negar, para os investigadores no Congresso, que tinha contas no estrangeiro. Outro jornal, o
The
Globe
and
Mail, noticiou que, dos
594 membros da Câmara, “318 estão sob investigação ou acusados” enquanto o alvo deles, a presidente Dilma, “não tem nenhuma alegação de improbidade financeira”.
É possível que o
Senado
concorde
com as acusações, o que resultará na suspensão de 180 dias de Dilma como presidente e a instalação do governo pró-negócios do vice
Michel Temer (PMDB). Ele, como o jornal norte-americano
The
New York Times informa, está “sob alegações de estar envolvido em um esquema de compra ilegal de etanol”.
Para
Lindbergh, os Estados Unidos têm permanecido
silenciosos sobre
o cenário tumultuado do Brasil, e sua postura mal foi debatida na grande imprensa. Não é difícil entender a razão. O
país norte-americano nega ter qualquer
envolvimento no golpe militar de 1964,
que removeu o governo eleito. Um golpe que resultou em 20 anos de uma ditadura. Porém, documentos secretos e registros surgiram, comprovando que os EUA ajudaram
no
planejamento
do golpe, e o relatório da Comissão da Verdade de 2014 no país trouxe informações de que
os Estados Unidos
e o Reino Unido apoiaram agressivamente a ditadura e até mesmo “treinaram interrogadores em técnicas de tortura.”
O
relacionamento de Dilma com os
Estados Unidos
foi
instável
durante anos, e
altamente
afetado pelas declarações de denúncia da presidente à espionagem da NSA, que atingiu a indústria brasileira, a população e a presidente pessoalmente, assim como as estreitas relações comerciais do Brasil com a China.
Autoridades em Washington
parecem deixar claro que não veem mais o Brasil como seguro para o capital.
Muitas pessoas da esquerda brasileira acreditam que os
os
norte-americanos
estão planejando ativamente a instabilidade atual no país com o propósito de se livrar de um partido
que se apoiou
no comércio com a China.
Embora não
exista
nenhuma evidência que comprove essa teoria,
em
uma viagem
pouco divulgada
aos
Estados Unidos,
um dos principais líderes da oposição brasileira deve provavelmente alimentar essas preocupações.
No dia seguinte à votação do impeachment
o Senador
Aloysio
Nunes
(PSDB)
estará em Washington para participar de três dias de reuniões com várias autoridades
norte-americanas, além de lobistas e pessoas influentes próximas a Clinton e outras lideranças políticas.
Nunes vai se reunir com o presidente e um membro do Comitê de Relações Internacionais do Senado, Bob
Corker
e Ben
Cardin, e com o Subsecretário de Estado e ex-Embaixador no Brasil, Thomas
Shannon. Irá ainda
comparecer a um almoço promovido pela empresa lobista de Washington,
Albright
Stonebridge
Group, comandada pela ex-Secretária de Estado de Clinton, Madeleine
Albright
e pelo ex-Secretário de Comércio de Bush e ex-diretor-executivo da empresa
Kellogg, Carlos
Gutierrez.
A Embaixada Brasileira em Washington e o gabinete do Senador
Nunes disseram ao
jornal
The
Intercept
que não tinham maiores informações a respeito do almoço de terça-feira
(19).
Figura da oposição
muito
importante, Nunes já que
concorreu à vice-presidência em 2014 na chapa do PSDB,
que perdeu para Dilma.
Aparentemente
ele passa
a ser
uma das figuras-chave de oposição que lideram a luta do impeachment contra Dilma no Senado.
O senador
Nunes foi
apontado em denúncias de corrupção. Em setembro
do ano passado, um juiz ordenou uma investigação criminal após
um executivo de uma empresa de construção
declarar a investigadores ter oferecido R$ 500.000 para financiar sua campanha.
R$ 300.000 enviados legalmente e mais R$ 200.000 em propinas ilícitas de caixa dois,
para ganhar contratos com a Petrobras. E essa não é a primeira acusação do tipo contra ele.
O
vice-presidente
teria
enviado
Nunes para Washington, segundo a Folha
de S. Paulo, para lançar uma “contraofensiva de relações públicas” e combater o aumento do sentimento
anti-impeachment
ao redor do mundo".
Nunes disse, em Washington, “vamos explicar que o Brasil não é uma república de bananas”.
Temer, em particular, estava abertamente preocupado e furioso com a denúncia do impeachment pela Organização de Estados Americanos, apoiada pelo Estados Unidos, cujo secretário-geral,
Luis
Almagro, disse que estava “preocupado com [a] credibilidade de alguns daqueles que julgarão e decidirão o processo” contra Dilma.
A viagem para Washington dessa figura-chave
da oposição
e
envolvida em
escândalos de
corrupção, um dia após a Câmara ter votado pelo impeachment de Dilma,
levanta
dúvidas sobre a postura dos Estados Unidos em relação à remoção da presidente.
O
gabinete do Senador
Nunes, porém,
informou
que a ligação do
vice-presidente não foi o motivo para sua viagem a Washington.