Lula se diz alvo de perseguição por conta de relatório de delegado
O petista considera que essa seja uma tentativa de atingi-lo politicamente, já que não existem provas de seu envolvimento direto no desvio de recursos da Petrobras
© Divulgação / Instituto Lula
Política Ex-presidente
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou
do delegado federal
Josélio
Azevedo de Sousa,
nesta segunda-feira (14). Isso porque, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, ele
solicitou que o petista
fosse ouvido no
inquérito que trata de parlamentares com foro privilegiado como desdobramento da Operação Lava Jato.
O jornal apurou que
Lula conversou com aliados e disse que considera que essa seja
uma tentativa de atingi-lo politicamente, já que
o próprio delegado reconhece no
relatório que não existem
provas de seu envolvimento direto no desvio de recursos da Petrobras.
O ex-presidente chegou de
viagens ao Paraguai e à Argentina e, de acordo com os seus interlocutores
afirmou que o pedido será usado como munição da oposição. Ele também
reclamou de excessos cometidos por delegados da
Polícia Federal sob a condução do ministro José Eduardo Cardozo.
Ainda de acordo com a apuração do jornal, o deputado Wadih
Damous
(PT-RJ), um dos principais interlocutores de Lula,
considerou a
medida como sendo "despropositada".
Damous
disse ainda que o pedido "foi criado para beneficiar a oposição".
"Não conversei com Lula, mas se ele não pensasse assim eu discordaria dele. Estou preocupado com essa partidarização da PF", revelou à Folha.
O pedido ainda tem que ser
analisado pela Procuradoria-Geral da República e, pelas regras em vigor no STF, os pedidos da PF só são avaliados pelo ministro relator dos casos da Lava Jato,
Teori
Zavascki, depois de uma manifestação formal do procurador-geral da República, Rodrigo
Janot.
Isso significa que, caso
Janot
for contrário à ideia,
o ministro do STF não
irá ouvir Lula.
No
relatório em questão, o delegado reconhece que não há provas do envolvimento direto de Lula. No entanto,
considera que a investigação "não pode se furtar à luz da apuração dos fatos" se o ex-presidente foi ou não beneficiado "pelo esquema em curso na Petrobras", "obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal".
O delegado ainda reconheceu que o doleiro Alberto
Youssef
e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa apenas "presumem que o ex-presidente da República tivesse conhecimento do esquema de corrupção", tendo em vista "as características e a dimensão do mesmo".