Depois de ser alvo de uma ação da Polícia Federal de buscas e apreensão e de ser levado para prestar depoimento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (4) no diretório do PT em São Paulo.

Entre as declarações, o ex-presidente falou que, aos 70 anos de idade, achou que poderia se aposentar ao invés de ter que esclarecer suas ações. Lula ressaltou que sempre se colocou à disposição da Justiça e que já chegou até a cancelar férias para atender a polícia. Desta vez, disse que entrou com o habeas corpus preventivo para que não prestasse o depoimento, foi porque sabia que o Ministério Público Estadual (MPE) já o havia pré-julgado e, por isso, não havia sentido em depor. No entanto, destacou que não tinha necessidade de que fossem de forma coercitiva à sua casa e à de seus filhos. "Eu me senti prisioneiro hoje de manhã", disse ele sobre a maneira como foi levado para a delegacia.

Durante a entrevista coletiva, o petista lamentou que a atitude da PF e ressaltou: "Eles preferiram utilizar a prepotência, a arrogância". O ex-presidente também criticou a ação do Ministério Público, comentando que que as investigações agiram em parceria com a imprensa, que noticiava o rumo das suspeitas antes mesmo da defesa ser informada sobre o conteúdo das mesmas.

Lula aproveitou ainda para pedir desculpas à esposa, Marisa, e ao filho, "pelo transtorno que eles passaram", disse o ex-presidente.

O petista destacou também que sente que instarou-se no Brasil uma necessidade de criminalizar o PT e o ex-presidente. "É preciso criminalizar o PT e o Lula porque esses caras podem querer continuar no governo", comentou Lula. O petista considera um absurdo que se preocupem com pedalinhos que a esposa comprou para os netos ou com o fato dele frequentar o sítio de um amigo: "Todo mundo pode, menos essa merda desse

metalúrgico", disse, indignado.

Ele ainda afirmou que está "intimamente magoado" e que "eu acho que merecia um pouco mais de respeito deste país".

"O PT precisa levantar a cabeça, faz muito tempo que o PT está de cabeiça baixa", disse. "Se quiseram matar a jararaca, não acertaram na cabeça, acertaram no rabo e a jararaca está viva", finalizou Lula.

Mais cedo, ele havia conversado com militantes, onde declarou

que o aconteceu foi uma ação "de pirotecnia", um show para a

mídia

e que tudo foi feito com arrogância. Entre as declarações feitas à militantes do PT, ele disse: "não devo e não temo", completando:

"Lamentavelmente estamos vivendo um processo de que a pirotécnica vale mais do que qualquer coisa, do que a apuração séria. Valorizo e valorizei muito nossas instituições, mas de qualquer forma nada disso diminui a minha honra, eles acenderam em mim a chama de que a luta continua".