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O alerta surge no mais recente relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre desigualdades -- 'Why less Inequality Benefits All' -- onde a organização volta a afirmar que, em muitos países, o fosso entre as pessoas mais ricas e as mais pobres é o maior dos últimos 30 anos.
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"Hoje, nos países da OCDE, os 10% mais ricos da população ganham 9,6 vezes mais do que os 10% mais pobres. No anos 1980, a porcentagem estava nos 7:1, subindo para os 8:1 nos anos 1990 e para os 9:1 nos anos 2000", revela o documento.
A entidade acrescenta que em algumas economias emergentes, particularmente na América Latina, as desigualdades de rendimento diminuíram, mas o fosso permanece genericamente mais elevado do que nos países da OCDE.
"Durante as crises, as desigualdades de rendimento continuaram a aumentar, principalmente devido à quebra no emprego; a redistribuição através dos impostos e as transferências compensaram parcialmente as desigualdades", aponta a OCDE.
"No entanto, no extremo inferior da distribuição de rendimentos, a renda familiar real caiu substancialmente nos países mais atingidos pela crise", acrescenta.
Na opinião da OCDE, desigualdades demasiado elevadas impedem o crescimento econômico. A organização sublinha que, para além do impacto na coesão social, as crescentes desigualdades são prejudiciais para o crescimento a longo prazo.
Ao nível laboral, o trabalho temporário, o trabalho a tempo parcial e o autoemprego são atualmente cerca de um terço do total do emprego nos países da OCDE e desde meados da década de 1990, "mais de metade de toda a criação de emprego foi na forma de trabalho informal".
"As famílias que são largamente dependentes de rendimentos fruto de trabalho informal têm taxas de pobreza mais elevadas (22% em média), e o aumento do número destas famílias nos países da OCDE contribuiu para o aumento das desigualdades", destaca o relatório.
Na opinião da OCDE, os países devem promover as mesmas oportunidades para todos os cidadãos e diminuir as desigualdades, porque é essencial que haja confiança nas instituições e efetivo diálogo social.
Para reduzir o fosso entre os ricos e os pobres, a OCDE defende políticas em quatro áreas: participação das mulheres na vida econômica, promoção do emprego e de trabalhos de qualidade, educação e sistema de impostos e de transferências sociais.
Sugere que os países eliminem o tratamento desigual entre homens e mulheres no mercado trabalho e removam as barreiras à progressão nas carreiras das mulheres.
Pede também políticas para aumentar o acesso ao mercado de trabalho com foco em políticas que potenciem a quantidade, mas também a qualidade dos empregos oferecidos.
Ao nível da educação, pede mais atenção para o ensino nos primeiros anos, bem como para as famílias com crianças em meio escolar, defendendo como essencial que se combatam as diferenças socioeconómicas.
Já no que diz respeito aos impostos, a OCDE lembra que uma redistribuição adequada via impostos e transferências sociais é um "poderoso" instrumento na conquista de mais igualdade e crescimento.