© Ricardo Stuckert/CBF
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um projeto apresentado pelo presidente do Santos, José Carlos Peres, quer mudar o escudo do clube para homenagear Pelé. A ideia está prevista no novo estatuto, redigido por escritório de advocacia contratado pela agremiação.
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Pelo projeto, o distintivo oficial do clube teria uma coroa negra em cima do escudo, em referência ao apelido de Rei do Futebol dado a Pelé. Também estaria em sintonia com o slogan "a realeza do futebol brasileiro", usado pelo próprio clube em seu site e na Vila Belmiro.
Pelé tem conhecimento da proposta. Segundo a assessoria de imprensa do ex-jogador, ele se manifestará sobre o assunto somente depois de o projeto ser encaminhado para votação.
O ex-camisa 10 jogou 18 anos no clube -entre 1956 e 1974. Venceu dois títulos mundiais, duas Libertadores, seis nacionais e dez paulistas, entre outras conquistas.
A mudança no símbolo não é unanimidade no Santos. Encontra resistência entre integrantes do conselho deliberativo. "A proposta está sendo analisada, vou aguardar um parecer para poder me manifestar", afirmou o presidente do órgão, Marcelo Teixeira.
O parecer será apreciado pelos demais conselheiros e colocado em votação. Não há data prevista para isso. Alguns conselheiros, no entanto, veem a homenagem como exagerada. "O Santos tem uma marca muito ligada ao Pelé, mas mesmo assim temos muitas dificuldades na proposta de colocar a coroa no escudo", afirmou José Carlos Peres, presidente da agremiação.
O dirigente reconhece que há resistência no conselho para aprovar a proposta. "Ainda há uma pequena parte que não quer. Não sabem que acima da generosidade e de uma merecida homenagem ao maior jogador de todos os tempos e reconhecido mundo afora, ainda assim representa agregar valor de marca", diz Peres.
O presidente lembra da queixa ouvida em uma reunião do conselho. "Um [conselheiro]disse que o Pelé não é maior que o Santos".
A proposta se tornou prioridade de Peres. O dirigente insistiu várias vezes com os responsáveis pela redação do novo estatuto para que ela fosse incluída no documento.
O escudo atual do Santos é o mesmo usado desde 1996, quando houve alterações em detalhes no tamanho das letras e das listras. A última mudança significativa no símbolo foi realizada em 1945, quando o clube adotou a base do desenho que permanece até hoje.
Não é a primeira homenagem a Pelé que ameaça ser emperrada no conselho deliberativo. A ideia de aposentar a camisa 10, considerada algumas vezes, nunca avançou.
Já houve vezes também em que o ex-jogador entrou na disputa política na Vila Belmiro. Avalista e apoiador da gestão de Samir Abdul-Hak (1994-1999), ele era um dos principais nomes da campanha de José Paulo Fernandes na eleição realizada no final de 1999 e se tornou alvo dos ataques do grupo que apoiava Marcelo Teixeira, que acabou eleito.
Um deles, apesar da desaprovação de Teixeira, pendurou uma faixa em frente ao prédio em que morava Pelé, em Santos, lembrando que ele não havia reconhecido a paternidade de Sandra Regina, o que aconteceu apenas mediante teste de DNA.
Desde o início de sua gestão, Peres vive às turras com o conselho deliberativo, que chegou a aprovar pedido de impeachment do presidente em 2018. O processo foi barrado apenas em assembleia de sócios. O dirigente se queixa dos relatórios apresentados pela comissão fiscal.
O último, referente ao primeiro semestre de 2019, afirma que os gastos com jogadores para atender aos pedidos de Jorge Sampaoli podem piorar ainda mais a situação financeira do clube.
"Se o time cair para a segunda divisão, eles vão lá segurar ou não? Vão te atacar, vão colocar no relatório que você não investiu e o time caiu", rebate Peres, que diz contar com R$ 100 milhões, recebidos pela venda de Rodrygo para o Real Madrid (ESP), para fechar as contas no ano.