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BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Após medidas severas do governo, que decretou o controle do câmbio no domingo (1º), o dólar caiu 5,8% nesta segunda (2). Foi a primeira desvalorização da moeda da moeda desde meados de agosto, antes da declaração da moratória parcial.
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A cotação oficial do dólar fechou em 58,41 pesos. Já o paralelo (chamado de blue), negociado em casas de câmbio, subiu 0,79%, negociado a 63,50 pesos, indicando que ainda há muita incerteza, apesar da intervenção forte do governo para segurar as cotações.
No domingo, o governo anunciou medidas restritivas ao acesso a dólares para pessoas físicas, mas com o teto elevado -o limite é de compra de até US$ 10 mil por mês.
"Ganho 18 mil pesos por mês [cerca de US$ 300], e 2.500 (US$ 41) gasto em remédios, não junto US$ 10 mil para comprar nunca. Mas vim até aqui hoje para ver que rumo a coisa toma, se vale a pena comprar um pouco para guardar", disse o aposentado Pietro Manizales, 77, que foi a uma casa de câmbio no centro.O maior temor do governo era que as pessoas sacassem pesos e comprassem dólares para se proteger, numa estratégia maciça de busca de proteção. Isso poderia desencadear uma pressão adicional nas cotações e empurrar o país para a hiperinflação.
Com a alta de preços rodando 54% ao ano, a palavra voltou aos debates econômicos. Em entrevista coletiva na manhã desta segunda, o ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, afirmou que as medidas para restringir o acesso a dólares visam a estabilizar a cotação da moeda americana no processo eleitoral. As eleições argentinas ocorrem em 27 de outubro, e a oposição, liderada pelo peronista Alberto Fernández, é a favorita.
A vantagem dos peronistas, que evitam dizer como pretendem lidar com a crise econômica, vem alimentando a atual corrida cambial. Quando lhe foi perguntado se as medidas foram acordadas com a oposição, Lacunza afirmou que houve comunicação, mas não há "cogoverno" neste momento no país, ou seja, cabe a Macri a decisão sobre o que fazer para acalmar os mercados.
No exterior, os títulos da dívida argentina denominados em euro e dólar caíram para mínimas recordes nesta segunda-feira, enquanto as ações do setor financeiro cederam.
Nas ruas do centro de Buenos Aires, bancos e casas de câmbio tinham filas, mas não houve distúrbios, apenas confusão dos próprios argentinos sobre as novas medidas. Muitos buscavam as agências para se informar sobre o que poderia ocorrer com seus depósitos, que no país podem ser feitos em dólar ou em pesos.
O governo inundou os bancos com cédulas da moeda americana para atender à demanda de correntistas que buscaram agências de Buenos Aires, após o anúncio, neste domingo, de que o acesso a dólares seria mais restritivo.
Carros-fortes circulavam pelo centro financeiro da capital. Também contribuiu para a moderação o feriado nos EUA, que reduz naturalmente os negócios em dólar.
Em 2001 as contas dos argentinos foram congeladas, porém não se tocaram nas caixas-fortes. Assustados, porém, os clientes dos bancos tentavam entrar para retirar o que havia ali, com medo de que uma medida seguinte do governo fosse impedir o acesso a esses cofres. Isso causou, entre outras coisas, a violência contra os bancos, que tiveram portas arrombadas, vidraças quebradas.
Numa sucursal do Banco Macro, um funcionário disse que havia movimentação "acima do normal" com relação às caixas-fortes -na Argentina, é possível guardar dólares não apenas em contas-correntes mas também em caixas de segurança.