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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Antes alvo de narizes tortos, a literatura "hot" está hoje em seu melhor momento, e o público se torna menos tímido a cada dia. Essa é a avaliação da professora maranhense Lani Queiroz, 43, autora do best-seller da Amazon e que tem hoje 11 livros publicados dentro do universo erótico.
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"A literatura hot empodera a mulher, no sentido de admitir que tem desejos, que gosta de sexo. Tenho alguns feedbacks interessantes de mulheres que tinham dificuldade de atingir o orgasmo, que tinham um relacionamento morno, e que foram ajudadas pelos livros. A leitura de uma cena erótica estimula a libido", diz.
Queiroz afirma que seu público é majoritariamente feminino e que os homens ainda não são muito abertos a ler o erótico. No entanto, ela acredita numa reconfiguração deste cenário. Alguns parceiros de suas leitoras já embarcaram na leitura junto com elas, conta a professora.
O contador Cláudio Márcio Gonçalves, 46, é um exemplo disso. Ele diz que gosta de ler livros eróticos junto com sua esposa, a administradora Ana Paula Gonçalves, 39. "Apimenta bastante a relação", afirma ele.
Ana Paula está no grupo de WhatsApp "Lanéticas", do qual fazem parte cerca de 130 leitoras de Lani Queiroz. "O clima do grupo é muito bom. As meninas são muito animadas. Conheci a literatura hot com o livro 'Cinquenta Tons de Cinza' [E. L. James, Ed. Intrínseca]. Agora esse tipo de livro me pegou e eu não largo mais", afirma ela.
A leitora conta que viajou de Florianópolis para o Rio somente para ir na Bienal do Livro, que aconteceu entre os dias 30 de agosto e 8 de setembro. No evento, ela compareceu ao estande da editora Editora 3DEA, em que Queiroz lançou dois livros: "Princesa da Inocência" e "Príncipe do Domínio", que compõem a série "Príncipes de Castellani". No estande da Qualis Editora, a autora lançou "Perigosa Sedução", que é uma história independente.
A autora também usa o grupo, que existe há dois anos, para interagir com suas fãs. "Nunca deixo de passar por lá." A amizade com as "Lanéticas", inclusive, virou ponto de partida para um novo projeto da escritora: "Pedi para que elas me contassem histórias sobre elas. Vou transformar isso em pequenos contos. Elas acharam o máximo".
O INÍCIO
Maranhense de Gonçalves Dias, Lani Queiroz mora atualmente em Arraias, no estado do Tocantins. Começou a escrever aos 10 anos, mas o material ficava na gaveta. "Fui guardando, até por morar distante dos grandes centros e não saber ao certo se seria uma carreira para eu seguir de verdade", conta.
"Foi através das leituras de banca, especialmente de uma coleção chamada 'Momentos Íntimos', em que tinha umas cenas bem quentes, que essa vontade de escrever algo parecido foi despertada em mim. Costumo dizer que a escolha por esse filão foi natural, pois minha escrita foi amadurecendo comigo, a partir das minhas leituras e do meu amadurecimento como mulher."
Com receio da instabilidade do mercado literário, Queiroz resolveu estudar pedagogia. Virou professora do curso de Pedagogia da UFT (Universidade Federal do Tocantins), mas a escrita nunca deixou de fazer parte de sua vida.
"Em 2014, descobri o site canadense 'Wattpad', em que os escritores postam seus livros e interagem com os leitores. Eu achei uma boa e postei meu primeiro livro, 'Príncipe da Vingança'. A resposta do público foi muito boa e eu fui continuando a escrever. O primeiro que eu postei já virou best-seller", conta.
Casada e mãe de dois filhos, de 19 e 24 anos, Queiroz concilia atualmente a carreira de professora universitária com a de escritora, mas pretende se aposentar em breve da academia. "Seria possível, financeiramente falando, viver só de literatura. Gosto muito de ser professora, mas terminando o doutorado quero me aposentar e ficar só nos livros. Vou ficar colaborando com a universidade, mas não ter o compromisso de ficar indo lá todo dia."