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"O grande problema sobre o Acordo Ortográfico reside no fato de que, inicialmente, disse respeito a Portugal e Brasil apenas e as outras nações foram simplesmente levadas deixadas. Não houve atenção de integrar as preocupações das outras nações", disse à Lusa o professor de linguística da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, a maior de Moçambique.
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Para o investigador moçambicano, as intenções do novo Acordo Ortográfico "são boas", na medida em que é importante que se juntem as várias formas existentes, procurando uma uniformização da escrita na língua portuguesa.
"A escrita é resultado de uma convenção, as pessoas sentam-se e decidem como deve ser a escrita", afirmou Feliciano Chimbutane.
Por seu turno, a especialista em línguas Fátima Ribeiro considera que a questão do novo Acordo Ortográfico não possui nenhuma relevância para Moçambique, na medida em que o país ainda tem muitos problemas que deviam constituir prioridades.
"Nós não temos capacidade financeira para aplicar tudo aquilo que a adesão ao Acordo Ortográfico implica, por exemplo, a questão da revisão dos livros escolares, a formação dos professores e dos próprios jornalistas", afirmou Fátima Ribeiro.
Para a especialista, o Acordo Ortográfico não atingiu o seu principal objetivo, que era o de uniformizar a escrita entre Portugal, Brasil e os outros países falantes de língua portuguesa.
"Nós continuamos a ter grafias duplas para muitas palavras", afirmou, acrescentado que "não é relevante que a escrita seja universal".
Fátima Ribeiro entende ainda que o novo Acordo Ortográfico não contempla todos os aspectos que devia, ilustrando, a título de exemplo, a questão das influências que o português está a ter das línguas bantu.
"O acordo ortográfico devia ter sido uma oportunidade para discutir, por exemplo, como representar alguns sons das línguas bantu. Isso seria útil para países como Angola e Moçambique", declarou.
Fátima Ribeiro disse também que o ensino bilingue, que está a ser introduzido no ensino primário em Moçambique, vai diminuir o contacto que as crianças têm com a língua portuguesa, principalmente nas zonas rurais.
"A língua portuguesa, com o ensino bilingue, vai entrar apenas como uma disciplina. Sendo a escola um importante meio de difusão da língua, tenho uma certa reserva sobre o que será da língua portuguesa", adiantou a especialista.