O que é o vaginismo? "O meu corpo não me deixa fazer sexo"

Uma condição chamada vaginismo, que afeta uma a cada 500 mulheres só no Reino Unido

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Lifestyle Vaginismo 19/09/19 POR Notícias Ao Minuto

"O meu corpo não me permite fazer sexo e, quando faço, é como se alguém me estivesse a esfaquear”, é assim que a britânica Hannah Van de Peer descreve as suas relações sexuais, em declarações à BBC News.

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Peer sofre de uma condição chamada vaginismo, que afeta uma a cada 500 mulheres só no Reino Unido.

Vaginismo é a contração involuntária dos músculos próximos à vagina, o que dificulta ou até impede a penetração pelo pênis durante a relação sexual.

As causas são variadas e podem aparecer em qualquer momento da vida da mulher, como depois de episódios como candidíase, parto, trauma sexual ou menopausa.

Porém, algumas mulheres podem descobrir que têm o transtorno quando tentam - e não conseguem - fazer sexo pela primeira vez.

Segundo a ginecologista Leila Frodsham, o vaginismo é um dos "poucos tabus sexuais que ainda existem e que destroem a vida das pessoas”.

"É muito normal ficar preocupada com a primeira vez e todas nós provavelmente já passamos por isso, mas mulheres com vaginismo podem viver com isso por toda a vida e por vergonha não se queixam", diz.

"Muitas delas normalmente descrevem a condição como se estivessem a ser esfoladas ou cortadas. Ou até mesmo como se sentissem agulhas enfiadas na pele", acrescenta.

Sexo e dor

Hannah conta que frequentou uma escola religiosa e que essa experiência a afetou profundamente.

"Lá ensinaram-me que as mulheres não podem ter prazer com o sexo, que o sexo é doloroso; que causa doenças sexualmente transmissíveis ou gravidez", diz.

"Sempre me disseram que perder a virgindade doeria muito; para mim, era como se fosse uma barreira intransponível. Sentia como se enfiassem uma faca dentro de mim e a torcessem. É realmente muito doloroso", acrescenta.

"Desde que comecei a falar publicamente sobre isso, conversei com várias mulheres que também sofrem do mesmo mal. É uma sensação de solidão, como se não pudéssemos falar sobre isso com ninguém. Acho que as mulheres têm de entender que qualquer uma de nós pode ser acometida por este transtorno”.

Para Frodsham, o vaginismo também pode ter fundo emocional.

"O sexo é complicado. Sexo não é só físico. Se fosse, bastaria tomar um remédio para curar qualquer problema. Mas todas temos as nossas percepções, valores com os quais crescemos, crenças, s nossas próprias experiências sexuais que definem como nos sentimos sobre o sexo", diz.

"Sempre me perguntam se acho que a educação religiosa pode ser um das causas para o vaginismo. Não há dúvida de que sim".

"Acho que há muitas mulheres que crescem neste tipo de ambiente e não têm problema nenhum com isso", acrescenta.

"Mas há outras que são como esponjas e acabam por absorver todos os valores espalhados pelo imaginário popular. Um deles, por exemplo, é de que o sexo será bastante doloroso na noite de núpcias e de que é preciso haver sangue para provar a virgindade".

Há cura

Segundo Frodsham, o vaginismo é "totalmente curável".

"A mulher pode usar o polegar para massagear o músculo do assoalho pélvico. A partir daí, o músculo relaxa porque se sente mais confortável e percebe que a vagina é grande o suficiente para fazer sexo".

Enquanto isso, Hannah espera poder sentir prazer ao ter relações sexuais.

"Sinto que melhorei bastante. Ainda acho difícil ter sexo com penetração. Então, estou a usar um tampão vaginal e pequenos vibradores para facilitar a penetração", diz Hannah.

"Fico muito feliz que as pessoas estejam a falar mais abertamente sobre esta condição” conclui.

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