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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O diretor-gerente interino do FMI (Fundo Monetário Internacional), David Lipton, afirmou que o fundo poderá suspender o programa de ajuda financeira à Argentina. Em entrevista à rádio da agência de notícias Bloomberg, Lipton afirmou que a suspensão se deve às incertezas políticas e econômicas que o país atravessa.
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"A situação da Argentina agora é extremamente complexa", afirmou. Segundo ele, o FMI irá "trabalhar para uma eventual retomada da relação, que terá que esperar um pouco".
A Argentina havia fechado um acordo de ajuda financeira de US$ 56 bilhões (R$ 232 bilhões) com o FMI no ano passado. No mês passado, porém, a declaração de moratória do país colocou a ajuda financeira do FMI em risco. Ainda que a moratória tenha sido apenas sobre dívida local, sem afetar o contrato com o fundo, o governo argentino afirmou que buscaria uma renegociação dessa dívida com o FMI.
A crise argentina se agravou após a vitória da chapa kirschnerista liderada por Alberto Fernández nas eleições primárias por larga vantagem, indicando chances de vitória sobre o atual presidente, Mauricio Macri, que tenta a reeleição.
Após a disputa, o dólar saltou de 45 para quase 60 pesos argentinos, elevando o risco de calote. Investidores elevaram a 95% a chance de um calote no país nos próximos cinco anos. Apesar do compasso de espera, o diretor do FMI afirmou que negociará com qualquer chapa que vença a eleição, em 27 de outubro.
"Nós ficaremos prontos para ajudar seja qual for o lado que vença a eleição presidencial", afirmou Lipton."O maior desafio que existe é como acalmar o mercado e estabilizar a situação", complementou, acrescentando que o fundo monitora o crescimento do mercado paralelo de câmbio após a imposição de alguns instrumentos de controle de capital.
A nova entrevista de Lipton ocorre apenas um dia após ele ter afirmado que o fundo tinha a intenção de continuar colaborando com as autoridades argentinas.