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O Presidente da Turquia, Recep Erdogan, insistiu hoje na intenção de criar uma "zona segura", sob seu controlo, no norte da Síria, desde o rio Eufrates até à fronteira turca, apesar das críticas internacionais.
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Recep Erdogan está ignorando os apelos internacionais para travar a ofensiva contra as milícias curdas na Síria e disse mesmo que a decisão de alguns países europeus de embargar a venda de armas às Forças Armadas turcas não o demoverá da sua operação militar contra os curdos sírios.
"De oeste a leste, 30 quilómetros para o interior, esta é a área e vamos continuar a lutar até a conseguirmos", disse hoje o Presidente turco sobre a "zona segura" que pretende controlar no nordeste da Síria, acrescentando que fez passar essa mesma mensagem ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e à chanceler alemã, Angela Merkel.
Erdogan explicou que as sanções impostas por alguns países não o vão demover da sua intenção militar contra os curdos sírios.
"Desde que lançámos a nossa operação, enfrentámos ameaças de sanções económicas e embargos de venda de armas. Os que pensam que nos podem fazer recuar com essas ameaças estão bem enganados", disse Erdogan, durante um discurso em Istambul.
No sábado, os Estados Unidos anunciaram sanções contra a Turquia, para impedir o avanço da ofensiva militar no nordeste da Síria, dias depois de o Presidente Donald Trump ter dito que retiravam o seu contingente militar da região, abrindo caminho à operação turca contra as milícias curdas.
Nesse mesmo dia, França, Holanda, Noruega e Alemanha anunciaram um embargo à venda de armas que pudessem ser utilizadas pelas Forças Armadas turcas na Síria, na operação militar que desencadearam na quarta-feira contra as milícias curdas, que consideram ser um grupo terrorista.
Erdogan clarificou que discutiu hoje a questão da venda de armas, durante uma conversa telefónica com a chanceler alemã, lembrando-a de que a Turquia pertence à NATO.
"Estão do nosso lado ou do lado do grupo terrorista?", terá perguntado o Presidente turco a Angela Merkel, de acordo com o seu relato do telefonema, feito no discurso em Istambul.
O Presidente turco rejeitou ainda as ofertas de mediação, que têm surgido de vários países, nomeadamente na região do Médio Oriente.
"Como é que me poderia sentar à mesa com uma organização terrorista?", interroga-se Erdogan, para justificar por que não pode aceitar as propostas de mediação de um fim das hostilidades.
O Presidente turco também quis sossegar os que consideram que a ofensiva militar contra as milícias curdas -- que têm sob sua custódia cerca de 11 mil combatentes do Estado Islâmico -- pode colocar em causa a luta contra este grupo jihadista.
"A Turquia é o único país que realmente lutou contra o [grupo 'jihadista'] Estado Islâmico. Podemos tomar conta desses combatentes. Quem nos critica não tem boas intenções", disse Erdogan, no discurso em Istambul.