© Isac Nóbrega/PR
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge afirmou que a menção ao presidente Jair Bolsonaro na investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) deve fazer o caso ser levado ao STF (Supremo Tribunal Federal).
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Dodge afirmou ainda que é preciso aprofundar a investigação desse ponto e que caberá ao STF determinar se há indícios para que Bolsonaro seja processado.
"Toda vez que há uma autoridade com foro por prerrogativa de função referida, ainda que não haja nenhuma evidência contra ela, os casos costumam ser remetidos ao foro competente. E imagino que deva acontecer igualmente nesse caso", disse a jornalistas.
"Esse tribunal [STF, no caso de Bolsonaro] dirá se os indícios são fortes realmente ou não para manter o processamento naquele juízo", completou.
Dodge participou nesta quarta (30) do evento Summit Brasil, organizado pelo jornal Estado de S. Paulo.Segundo reportagem do Jornal Nacional, o ex-policial militar Élcio Queiroz, suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes em março de 2018, disse na portaria que iria à casa de Bolsonaro, na época deputado federal, no dia do crime.
Os registros de presença da Câmara dos Deputados, no entanto, mostram que Bolsonaro estava em Brasília nesse dia.
Segundo o depoimento do porteiro à Polícia Civil do Rio de Janeiro, o suspeito pediu para ir na casa de Bolsonaro e um homem com a mesma voz do presidente atendeu o interfone e autorizou a entrada. O acusado, no entanto, teria ido a outra casa dentro do condomínio.
"Estou conversando com o ministro da Justiça o que pode ser feito para tomar via PF o depoimento desse porteiro", disse Bolsonaro nesta quarta (30), em Riad (Arábia Saudita). "De modo que esse fantasma que querem colocar no meu colo como mentor [do assassinato de Marielle] seja enterrado de vez".
Para o presidente, o porteiro se equivocou ou acabou assinando o que o delegado escreveu. Ele afirmou ainda que deve ser uma pessoa "humilde", que está sendo "usada" pelo delegado a mando do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).