Milhares de gregos manifestaram-se hoje em Atenas a celebrar a revolta estudantil de 1973 contra a junta militar, num ambiente tenso e com forte presença policial na capital da Grécia.Esta manifestação comemora todos os anos revolta estudantil de 17 de novembro de 1973 contra a repressão da ditadura dos coronéis, tendo este ano sido mobilizados cerca de 5.000 policias acompanhados de 'drones', helicópteros e canhões de água.
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Também estão a acontecer manifestações noutras cidades da Grécia.
Sempre muito aguardada, a manifestação deste ano foi a primeira desde a eleição em julho do governo conservador de Kyriakos Mitsotakis e a abolição, em agosto, de uma lei que proibia qualquer intervenção policial nas instalações de universidades.
Este ano a manifestação marcou o 46º aniversário da revolta de estudantes, reprimida com a entrada dos tanques do exército da Escola Politécnica de Atenas. Dezenas de pessoas morreram.
O regime dos coronéis, apoiado pelos Estados Unidos, terminou no ano seguinte, em 1974.
Nos últimos anos, os manifestantes aproveitaram esta comemoração, que foram 10.000 em 2018, aproveitaram a oportunidade para denunciar o "imperialismo dos Estados Unidos" e as medidas de austeridade impostas à Grécia pelos credores internacionais (FMI e UE).
Este ano, o clima é particularmente tenso após a chegada ao poder de um governo de direita, que diz que a prioridade é garantir a "segurança" dos cidadãos.
Menos de um mês após a posse, o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis pôs em prática a sua promessa de campanha eleitoral de abolir a chamada lei de "asilo universitário".
Herdado da revolta estudantil de 17 de novembro de 1973, este texto, que proibia a polícia de entrar nas faculdades gregas, significou o regresso da Grécia à democracia.
A abolição da lei deu origem a vários protestos. O governo justificou a medida dizendo que as universidades se tornaram "um santuário para o tráfico de drogas" e "grupos anarquistas".
Todo os dias 17 de novembro, a bandeira manchada de sangue que estava naquela noite de 1973 no portão da Escola Politécnica é tradicionalmente usada na cabeça dos protestantes.
Nas vésperas desta comemoração, o parlamento grego votou na quinta-feira o reforço das sentenças de prisão por violência urbana.
O lançamento de um cocktail molotov, prática generalizada durante os protestos na Grécia, agora é punível com dez anos de prisão, em comparação com os cinco anteriores.
"São necessárias leis e regras para fazer o cidadão grego sentir-se seguro", disse o ministro da Justiça, Kostas Tsiaras.
Esta reforma do código penal é fortemente criticada pelas organizações de esquerda e de estudantes que denunciaram as intervenções policiais 'musculadas' nos últimos dias nas universidades.
Na segunda-feira, cerca de 200 estudantes que protestavam na Universidade de Economia de Atenas foram cercados por polícias que usavam gás lacrimogéneo e duas pessoas foram presas.
Desde julho, a polícia também interveio várias vezes no bairro contestatário de Exarchia para evacuar espaços ocupados por migrantes e ativistas de esquerda.