Após óleo, praia perde até 66% de animais

Os corais foram as espécies mais afetadas até agora

© Simone Santos/ Projeto Praia Limpa

Brasil Desastre 26/11/19 POR Estadao Conteudo

Um estudo feito pelo Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) apontou redução de quase 66% no número de invertebrados bentônicos vivos (como corais, moluscos, crustáceos, polvos e lagostas) em quatro praias do litoral do Bahia, após o derramamento de óleo na costa, neste segundo semestre. Os corais foram as espécies mais afetadas até agora.

PUB

Os dados do trabalho foram apresentados ontem. Os pesquisadores compararam as informações de abril e de outubro de quatro praias (Forte, Itacimirim, Guarajuba e Abaí), em uma área de 140 metros quadrados. A quantidade média de indivíduos caiu de 446 para 151. Ainda conforme a pesquisa, houve queda no número de espécies - de 88 para 47.

Branqueamento

As espécies mais afetadas foram os corais, que branquearam mais do que o normal. Desde 1995, quando o instituto da UFBA começou a acompanhar os recifes nas quatro praias, a taxa anual de branqueamento ficava entre 5% e 6%. Agora, o porcentual aumentou para 51,92%.

A cor dos corais é um fator para atestar a saúde dos invertebrados. O branqueamento pode levar à morte ou enfraquecer a estrutura reprodutiva das espécies.

O fenômeno pode aumentar, em condições naturais, se houver crescimento na temperatura da água ou aumento na incidência de radiação solar sobre os corais. Como não foi detectada nenhuma mudança considerável nesses fatores, a presença do óleo foi apontada como explicação para o fenômeno.

A possível perda de biodiversidade terá impacto na cadeia alimentar, segundo Francisco Kelmo, coordenador do estudo. "Esses números indicam que houve perda de patrimônio natural, redução no número de animais, na diversidade e aumento das doenças/mortalidade nos corais. Assim, compromete a cadeia alimentar, causa desequilíbrio", aponta o estudo.

Um dos ingredientes para a situação é o fato de que o óleo chegou às praias no início de outubro, justamente no período reprodutivo dos animais. Entre os tipos perdidos estão crustáceos e moluscos - polvos e lagostas estão no grupo e são os mais pescados e consumidos na região, segundo o professor.

Para Kelmo, o ecossistema deve levar de 10 a 20 anos para conseguir se recuperar naturalmente, caso não haja novos desastres. "Esse fantasma do óleo vai nos assustar por muito tempo", disse.

Consumo

Indagado sobre o perigo de consumo de animais pescados, o professor lembrou que análises recentes feitas pelo governo federal não apontaram riscos de contaminação por ingestão. Mas ponderou que o óleo consumido pelas espécies tem substâncias cancerígenas.

Kelmo foi autor de um estudo que mostrou vestígios de óleo nos aparelhos digestivo e respiratório de 50 animais. Procurado para comentar a pesquisa, o Ministério do Meio Ambiente informou que não poderia se posicionar ontem.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Rio Grande do Sul Há 6 Horas

Avião cai em Gramado; governador diz que não há sobreviventes

mundo EUA Há 9 Horas

Professora que engravidou de aluno de 12 anos é condenada

fama GUSTTAVO-LIMA Há 12 Horas

Gusttavo Lima é hospitalizado, cancela show no festival Villa Mix e fãs se revoltam

brasil BR-116 Há 10 Horas

Acidente com ônibus, carreta e carro deixa 38 mortos em Minas Gerais

fama WILLIAM-BONNER Há 8 Horas

William Bonner quebra o braço e fica de fora do Jornal Nacional no fim do ano

fama Vanessa Carvalho Há 9 Horas

Influenciadora se pronuncia após ser acusada de trair marido tetraplégico

fama Pedro Leonardo Há 10 Horas

Por onde anda Pedro, filho do cantor Leonardo

lifestyle Smartphone Há 9 Horas

Problemas de saúde que estão sendo causados pelo uso do celular

esporte FUTEBOL-RIVER PLATE Há 9 Horas

Quatro jogadoras do River Plate são presas em flagrante por racismo

fama Afogamento Há 19 Horas

Famosos que morreram afogados: Casos mais impactantes