Novo presidente argentino quer "agenda ambiciosa" com o Brasil

Em Buenos Aires, antes da cerimônia de posse no parlamento argentino, Mourão disse aos jornalistas que a sua vinda à Argentina "é um gesto político do presidente" Bolsonaro

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Política América do Sul 10/12/19 POR Notícias ao Minuto

O Presidente da Argentina Alberto Fernández destacou o Brasil no seu discurso de posse hoje no parlamento e pediu uma "agenda ambiciosa" apoiada pela história dos dois povos e não pela "diferença pessoal" com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. "Com a República Federativa do Brasil, particularmente, temos de construir uma agenda ambiciosa, inovadora e criativa em tecnologia, produção e estratégia, que esteja amparada pela irmandade histórica dos nossos povos", pediu Fernández.

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"[Uma agenda] para além de qualquer diferença pessoal daqueles que governam a conjuntura", acrescentou, reconhecendo implicitamente a tensa relação com Bolsonaro, que não compareceu à posse e enviou como representante o vice, Hamilton Mourão.

Em Buenos Aires, antes da cerimônia de posse no parlamento argentino, Mourão disse aos jornalistas que a sua vinda à Argentina "é um gesto político do presidente" Bolsonaro.

"São dois países que têm que se auxiliar mutuamente. É óbvio que o gesto político do presidente é enviar o vice-presidente para o representar nesta cerimônia", defendeu Mourão.

A tensão entre Bolsonaro e Fernández contrasta com a relação bilateral Argentina-Brasil, eixo da integração regional. A Argentina é o terceiro maior sócio comercial do Brasil, depois de China e Estados Unidos, mas aquele que mais consome os produtos manufaturados que o Brasil exporta. Já o Brasil é o principal sócio comercial da Argentina em todos os sentidos.

A vinda de Hamilton Mourão representou uma mudança brusca de posição por parte de Bolsonaro, poucas horas antes da posse de Fernández. Até segunda-feira à tarde, o presidente brasileiro tinha decidido não enviar ninguém como representante do seu Governo à Argentina.

O clima entre os dois governantes é tenso por conta do apoio político do argentino ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que chegou a pedir a sua libertação no discurso de vitória das eleições presidenciais, depois de o ter visitado na prisão durante a campanha eleitoral.

Esse discurso levou Bolsonaro a não cumprimentar Fernández pela vitória e a anunciar que não iria à posse. Lula deve ir à Argentina para agradecer o apoio de Fernández pela sua libertação.

Sobre o comércio livre, Fernández já disse que vai rever os acordos comerciais assinados pelo seu antecessor, Mauricio Macri, incluindo o tratado Mercosul-União Europeia. Também indicou que a Argentina não está preparada para abrir o seu mercado.

O ambiente entre Fernández e Bolsonaro pode piorar se o argentino conceder asilo político ao antigo presidente boliviano Evo Morales para, a partir de lá, organizar o movimento político da oposição na Bolívia.

Depois da vitória de Fernández em outubro, Bolsonaro disse que os argentinos "escolheram mal". Na semana passada, reiterou que se Fernández adotar medidas protecionistas, a Argentina será a mais prejudicada.

"A Argentina fez um giro à esquerda. Vamos ao pragmatismo. Se brigarmos, perdemos. Mas a Argentina perde muito mais", advertiu Bolsonaro.

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