© Feisal Omar/Reuters
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A explosão de um carro-bomba neste sábado (28) em uma área movimentada de Mogadíscio, capital da Somália, deixou dezenas de mortos e feridos, em um dos piores ataques no país em anos.
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O atentado ocorreu às 8h (2h no horário de Brasília), próximo a um posto de controle e de um escritório fiscal -área com circulação intensa de pessoas, incluindo estudantes que estavam em um ônibus que passava nas redondezas.
Sábado é um dia útil no país muçulmano, e a explosão ocorreu durante a hora do rush da manhã, deixando o local cheio de escombros e de veículos queimados e cobertos de sangue.
Há discrepância sobre o número de mortos, que ainda não foi confirmado por autoridades locais. Segundo a agência AFP, o diretor de um serviço de ambulâncias informou que são ao menos 76 e que o total deve aumentar.
Já a Reuters afirma que são 90, citando uma organização internacional que atua no país e não quis ter o nome divulgado. Um membro do Parlamento somali, Abduruzak Mohamed, escreveu em sua conta no Twitter também ter sido informado de 90 mortes, incluindo 17 policiais, 73 civis e quatro estrangeiros.
O prefeito de Mogadíscio, Omar Mohamud Mohamed, declarou em uma entrevista coletiva que ao menos 90 pessoas ficaram feridas e que ainda se desconhece o número exato de mortos. De acordo com ele, a maioria das vítimas é formada por "estudantes inocentes e outros civis".
Mohamed disse também que dois cidadãos turcos, aparentemente engenheiros civis que trabalhavam na construção de estradas, estão entre os mortos. O ministro das Relações Exteriores da Turquia confirmou a informação.
A Turquia é um dos principais doadores da Somália desde a crise da fome em 2011 e, juntamente com o governo do Qatar, financia uma série de projetos de infraestrutura e médicos no país. O país abriu uma base militar em Mogadíscio em 2017 para treinar soldados somalis.
Por enquanto, o atentado não foi reivindicado por nenhuma organização, mas ataques deste tipo são frequentes na região, onde o grupo terrorista islâmico Al Shabaab, ligado à Al Qaeda, tem forte atuação. Apesar disso, o saldo de mortos em geral é menor do que o da explosão deste sábado.
Desde 2015, houve 13 atentados na Somália, segundo contagem da AFP. O ataque mais sangrento da história do país ocorreu em outubro de 2017, quando um caminhão-bomba explodiu na capital, matando 512 pessoas e ferindo 295. A ação foi reivindicada pelo Al Shabaab.
O presidente Mohamed Abdullahi Mohamed diz que ordenou seu governo a oferecer todos os recursos necessários para apoiar os feridos e as famílias dos mortos. "Os terroristas massacraram a população porque são inimigos do desenvolvimento do país", declarou, em um comunicado.
Uma testemunha relatou à AFP ter visto um ônibus cheio de estudantes passando pela área quando a explosão ocorreu. Outra pessoa disse ter visto "corpos dispersos e alguns queimados, irreconhecíveis".
O Al Shabaab promete derrubar o governo somali, que conta com o apoio da comunidade internacional, da ONU (Organização das Nações Unidas) e de 20 mil soldados da força da União Africana.A organização terrorista surgiu a partir da
União de Tribunais Islâmicos, que antigamente controlava o centro e o sul do país. Estima-se que atualmente contaria com 5.000 a 9.000 membros.
O grupo, que tem como alvo hotéis, escritórios governamentais e espaços públicos, foi expulso de Mogadíscio em 2011, perdendo a maior parte de seus bastiões.
No entanto, segue com poder em algumas partes do país, onde planeja operações de guerrilha e atentados suicidas, incluindo na capital. Também está na nação vizinha, o Quênia.
Há duas semanas, outro ataque de autoria do Al Shabaab deixou cinco pessoas mortas. O atentado ocorreu em um hotel da capital -muito frequentado por políticos, militares e diplomatas- que foi ocupado pelos fundamentalistas durante algumas horas.