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BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Com inflação de mais de 50% ao ano, a Argentina vai aposentar no próximo dia 31 as notas de cinco pesos. Serão convertidas em moedas, assim como ocorreu, no ano passado, com as cédulas de dois pesos. Além de trocar papel por moeda, o governo do presidente Alberto Fernández quer substituir os animais que passaram a estampar o dinheiro na gestão de Mauricio Macri por personalidades do país.
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Foi a inflação acelerada que fez o país lançar notas de 1.000, 500 e 200 pesos também nos anos recentes. Antes, a cédula com valor mais alto na Argentina era a de 100 pesos.
As notas que resistirem à inflação terão um novo visual. As cédulas de valor mais alto, lançadas na gestão Macri, foram estampadas com animais da fauna argentina - baleia, guanaco, condor dos andes e yaguareté.
Agora Fernández deu ordens ao presidente do Banco Central, Miguel Pesce, para que crie uma nova coleção de notas. Pesce afirma que serão seis meses de estudos para definir quem estaria nas cédulas, e a impressão duraria até o fim do ano.
No lugar de animais, elas seriam estampadas por artistas, intelectuais e alguns políticos. Entre os preferidos do presidente estão escritores de renome como Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, a poeta Alejandra Pizarnik, e também astros do pop, como o roqueiro Luis Alberto Spinetta (1950-2012).
Aqui entra uma curiosidade: Fernández é fã de rock e Spinetta é um dos ícones locais, cuja canção mais famosa se chama El Anillo del Capitán Beto. Para os seguidores jovens de Alberto Fernández, ele é chamado de capitão Beto.
Antes da chegada dos animais às cédulas argentinas, o país viveu uma disputa sobre quem são os heróis e anti-heróis do país. Até hoje circulam notas de 100 pesos com a imagem de Eva Perón (preferida pelos peronistas). Também estampa cédulas de 100 pesos o ex-presidente Julio Argentino Roca, por muitos considerado o arquiteto da Campanha do Deserto, que no século 19 dizimou grande parte da população indígena do país.
Para além das polêmicas, alguns dos heróis da independência do país devem permanecer, como San Martín, responsável pela independência, e Belgrano, o criador da bandeira argentina.