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A Polícia Federal identificou intenso contato entre dois personagens importantes da Operação Pixuleco, 17.° capítulo da Lava Jato que prendeu oito alvos, entre eles o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula). Entre 2010 e 2014, o lobista Milton Pascowitch e o ex-assessor especial de Dirceu, Roberto Bob Marques, se falaram ou trocaram mensagens 414 vezes ao celular.
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Para a Polícia Federal, a insistente comunicação entre Pascowitch e Bob reforça as suspeitas da ligação do ex-ministro com o esquema de propinas na Petrobras. Pascowitch, lobista que virou delator, relatou à força-tarefa da Lava Jato que repassou dinheiro ilícito para a JD Assessoria e Consultoria, empresa criada por Dirceu para captar pagamentos de comissões realizados por empreiteiras do cartel que se instalou na estatal petrolífera.
Pelo caixa da JD passaram R$ 39 milhões em oito anos de atividade. Desse montante, segundo a força-tarefa, R$ 21,3 milhões foram depositados em parcelas mensais, ininterruptamente, o que para os investigadores caracterizou um mensalão II na vida do ex-ministro - condenado por corrupção ativa a 7 anos e 11 meses de prisão na Ação Penal 470, o mensalão.
A Pixuleco pegou Dirceu, que já cumpria prisão em regime domiciliar em Brasília pelo mensalão. A Pixuleco também pegou Bob, há quase 30 anos braço-direito do ex-ministro - desde os tempos em que Dirceu exercia mandato de deputado estadual em São Paulo nos anos 1986. Bob conhece o ex-ministro da Casa Civil como poucos.
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Lava Jato, decretou a prisão temporária de Bob. Ele vai depor na Polícia Federal. Para os investigadores, o elo Pascowitch/Bob confirma a aproximação do lobista com o ex-ministro.
Eram longas as conversas entre os dois. O mapeamento aponta ligações com mais de uma hora de duração, frequentemente.
As comunicações tiveram início em 10 de junho de 2010, quando Dirceu já era réu do mensalão. A última ligação - segundo os registros da Pixuleco - ocorreu no dia 26 de novembro de 2014, duas semanas depois da deflagração da Juízo Final, 7.ª etapa da Lava Jato, que mirou exclusivamente o braço empresarial do esquema de propinas na Petrobras.
A Juízo Final saiu às ruas no dia 14 de novembro. No dia 15, de acordo com o histórico de chamadas entre Pascowitch e Bob, os dois se falaram por 40 minutos numa única ligação. No dia 17 de novembro eles trocaram dois telefonemas, que totalizaram 19 minutos de conversa. No dia 24, mais três ligações, com duração de 19 minutos.
No capítulo em que cita a Hope Serviços e Personal Service - suposta pagadora de propinas a Dirceu -, o Ministério Público Federal destaca que Pascowitch "asseverou ter efetuado pagamentos em espécie oriundos de contratos da Hope e da Personal em favor de Fernando Moura, 'empresário representante do grupo político de Dirceu, Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras), o próprio Dirceu, JOão Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT). Luiz Eduardo de Oliveira (irmão do ex-ministro) e Bob.
"Roberto Marques, também conhecido como 'Bob', afirmou Milton Pascowitch, era assessor de Dirceu e fez pedidos de propina a Milton Pascowitch no interesse de Dirceu", assinala a força-tarefa da Lava Jato.
Relatório da Pixuleco destaca: "Há registros de ligações telefônicas de Roberto (Bob) com Milton Pascowitch até pouco tempo atrás (até novembro de 2014), além de registros de visitas de Roberto a Milton Pascowitch no período de 3 de abril de 2014 a 27 de novembro de 2014, o que indica o vínculo recente de Roberto com o operador, a corroborar a afirmação de Milton de que entregava dinheiro em espécie na sua residência também a Roberto."
O rastreamento da PF mostra, ainda, que Bob visitou Pascowitch na residência do lobista-delator no dia 17 de novembro de 2014. "Aliás, a corroborar o vínculo próximo de Roberto Marques com o grupo de Dirceu, veja-se que na visita identificada de Luiz Eduardo (irmão de Dirceu) à residência de Milton, ele estava utilizando o mesmo veículo que fora utilizado por Roberto em outra visita a Milton Pascowitch." Com informações do Estadão Conteúdo.