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Taxas elevadas de juros, crédito mais apertado e o medo de eventual perda do emprego compõem o tripé que explica por que 70% das famílias paulistanas não pretendem adquirir, nos próximos meses, qualquer tipo de bem durável, conforme pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
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Em termos absolutos, a Federação ouviu 2.200 famílias entre os dias 26 de junho e 8 de julho. Deste total, 1.540 famílias reportaram a intenção de não despender recursos na compra de produtos como geladeira, fogão, TV ou carro. "De cada dez famílias consultadas, 7 responderam que não pretendem comprar bens duráveis", reforçou o assessor econômico da FecomercioSP, Vitor França.
O índice que mede a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 7,5% em julho em relação a junho, passando de 81,7 pontos para 75,6 pontos e despencou 30,9% na comparação com julho do ano passado. O indicador varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos é considerado insatisfatório e acima, satisfatório.
De acordo com a pesquisa, um dos itens avaliados na pesquisa - momento para duráveis - caiu 11,5% e atingiu 49,8 pontos no mês. "Trata-se do menor nível e da maior queda observados entre os sete componentes do índice", reiterou França. No comparativo anual, a pontuação está 42,7% abaixo do registrado em julho do ano passado. Assim como no mês de junho, afirma a FecomercioSP, todos os itens contemplados pelo ICF atingiram os menores patamares já registrados.
O item Perspectiva Profissional teve a maior perda em termos de pontuação (-7,7 pontos), ao passar de 103,4 para 95,7 pontos. Esse resultado coloca o item, pela primeira vez, abaixo dos 100 pontos. "Isso significa que a maioria das famílias paulistanas está pessimista em relação a alguma melhora profissional nos próximos seis meses", avalia o assessor econômico da FecomercioSP, para quem o comportamento de compra das famílias, cada vez mais deteriorado, foi influenciado, ainda, pelo impacto negativo do desemprego.
"A renda familiar, de acordo com a entidade, está visivelmente afetada pela inflação, que já beira os 9% em 12 meses na região metropolitana de São Paulo. Para agravar ainda mais o cenário, a dificuldade na obtenção de crédito e a alta dos juros se tornaram os principais vilões para quem buscava, nessa opção, uma alternativa para complementar o orçamento", afirma França. A segunda maior queda porcentual no mês foi a do item Perspectiva de Consumo (10,5%), que atingiu 58,1 pontos. Nível de Consumo Atual, com variação negativa de 5,4%, atingiu 53,2 pontos e está há 30 meses no patamar de insatisfação. Em julho, o item superou apenas o componente momento para duráveis.
Renda
A pesquisa da FecomercioSP apontou que as famílias com renda superior a 10 salários mínimos estão mais insatisfeitas com as suas condições econômicas. A pontuação deste grupo atingiu 69,2 pontos em julho contra 77,8 pontos das famílias de classe mais baixa. Assim, de acordo com a entidade, como no índice geral, no recorte por renda, o item Momento para Duráveis também foi o destaque negativo para as famílias que recebem até 10 salários mínimos. Além de ter registrado a maior variação mensal negativa (12,6%), também é o item com pior avaliação: 48,6 pontos.
"Ainda que as previsões sinalizem um aumento do desemprego para os próximos meses, as famílias desta faixa de renda ainda demonstram certa segurança, uma vez que o item Emprego Atual é o único que está na zona de satisfação, com 105,3 pontos", avalia a assessoria econômica da FecomercioSP. Com informações do Estadão Conteúdo.