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Os carros usados em provas técnicas para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em São Paulo terão câmeras para registrar os alunos e os funcionários do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) que avaliam os futuros motoristas. Além disso, o órgão vai determinar que todos os veículos tenham um sistema de telemetria para comparar o resultado do teste com o que realmente aconteceu na hora da prova, evitando fraudes.
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Segundo Daniel Annenberg, diretor-presidente do departamento, o órgão vai lançar a licitação até o fim de setembro para a compra dos equipamentos necessários. A medida, segundo ele, é para combater o chamado "quebra", prática feita entre motoristas, avaliadores e autoescolas corruptas para obter a carteira, burlando a prova.
Hoje, é possível comprar o resultado da prova prática pagando valores entre R$ 500 e R$ 800. De acordo Annenberg, "o Detran ainda estuda detalhes da licitação" antes da publicação no Diário Oficial do Estado.
"O ideal seria que o Detran comprasse os carros que serão usados nas provas práticas", afirmou. No entanto, ainda segundo ele, isso pode ter um custo alto para o órgão. Para ficar economicamente viável, a possibilidade mais forte é a de que as autoescolas fiquem responsáveis pela instalação das câmeras e dos sensores de telemetria, sob a avaliação do Detran.
O presidente do Sindicato das Auto Motoescolas e Centros de Formação de Condutores do Estado de São Paulo (Sindautoescola), Aldari Onofre Leite, diz que o setor deve instalar a tecnologia nos veículos. "Os alunos fazem todas as aulas práticas em um determinado tipo de carro. Com essa mudança, ele corre o risco de fazer a prova em um modelo de veículo que ele não dirigiu durante seu processo de formação", disse.
Leite também acredita que o Estado "não deve ter um custo tão grande, tendo outros gastos mais importantes para fazer". De acordo com a entidade, em média, cada uma das 700 autoescolas da capital leva ao menos dois veículos, diariamente, para uma das 12 bancas de avaliação do Detran. Com a telemetria vai ser possível saber se o aluno trocou de marcha de forma errada ou se pisou na embreagem em vez de acionar o freio, erros que tiram ponto durante a execução do teste e podem custar a habilitação de um futuro motorista.
'Comprei'
Após ser reprovado em duas provas e não conseguir a permissão para dirigir (primeira CNH), um advogado de 23 anos, que preferiu não se identificar, pagou para fazer o teste sem ser avaliado. "Cheguei na autoescola e perguntei pelo 'quebra'. Saiu R$ 800 e comprei a carta. Não me orgulho disso", afirma o motorista. O advogado se diz um "bom motorista" e que nunca foi multado ou se envolveu em acidentes. Segundo o Detran, 80.491 candidatos fizeram o teste para a CNH no primeiro trimestre de 2015 - 25.776 foram reprovados. Com informações do Estadão Conteúdo.