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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Justiça de São Paulo decretou, na tarde desta quarta-feira (19), a prisão preventiva do professor de história e teatro Ivan Secco, 54, suspeito de pedofilia.
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Ele trabalhava na unidade de Pinheiros (zona oeste) da St. Nicholas School, colégio de elite da capital paulista. Secco é suspeito, segundo a polícia, de filmar a genitália de suas alunas por debaixo da saia delas durante as aulas.
Ele foi um dos 43 presos na sexta fase da operação Luz da Infância, deflagrada pelo Ministério da Justiça nesta terça (18).
A operação, que contou com o apoio da Polícia Civil, também cumpriu 112 mandados de busca e apreensão em 12 estados do país e em mais quatro países.
A prisão preventiva foi interposta pela Justiça em audiência de custódia realizada no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste).
Secco foi preso em flagrante e estava detido na carceragem do 77º DP (Santa Cecília), de onde saiu para ser ouvido pela Justiça.
Ainda não se sabe para onde o professor será levado. Como a Justiça decretou segredo no processo, o conteúdo do depoimento de Secco não foi revelado à imprensa.
A defesa de Secco não quis se manifestar sobre a decisão da Justiça, afirmando que precisa de mais tempo para analisar os autos do processo.
A prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal. É concedida, entre outros critérios, quando há risco de o acusado fugir, cometer novos crimes ou atrapalhar a instrução probatória.
A Polícia Civil já havia solicitado a conversão da prisão em flagrante de Secco em preventiva. Ele foi autuado por armazenamento e produção de conteúdo pornográfico. A polícia também investiga se o conteúdo foi compartilhado com terceiros.
Até o momento, não foram divulgadas informações a respeito das potenciais vítimas.
Segundo a polícia, o suspeito escondia câmeras dentro de caixas de remédios e embaixo de carteiras para filmar sob as saias de estudantes, algumas de apenas dez anos.
Os crimes, ainda conforme os investigadores, ocorriam há pelo menos três anos. Não se sabe se houve outros tipos de abuso.
Secco lecionava na escola havia cerca de 20 anos e não tinha antecedentes criminais. Pessoas próximas ao suspeito o descreveram como alguém discreto e disseram não desconfiar de seu comportamento.
A polícia foi primeiro à casa do professor, em Pinheiros. Ele chegou a criar, segundo os investigadores, uma pasta em seu notebook com as fotos das alunas preferidas. Além do aparelho, foram apreendidos pendrives e HDs (a quantidade não foi informada).
Segundo os investigadores, o suspeito disse em depoimento que estava arrependido e que precisava de ajuda porque estava doente.
A St. Nicholas School foi criada em 1980. Seus alunos, de várias nacionalidades, cursam da educação infantil ao ensino médio nas unidades de Alphaville e Pinheiros.
A mensalidade da escola custa entre R$ 7.000 e R$ 8.000, segundo pais ouvidos pela reportagem.
PROFESSOR É DEMITIDO
Em comunicado enviado à imprensa nesta quarta, o St. Nicholas informou que demitiu Secco de seu quadro de funcionários.
Na sua primeira manifestação oficial um dia depois da operação de âmbito nacional, o colégio disse ter sido "surpreendido pelos acontecimentos" e disse que, assim como as demais escolas, "adota procedimentos e práticas criteriosas na contratação dos seus profissionais".
A direção do colégio também afirmou que está, como as demais instituições de ensino, "vulnerável a atitudes decorrentes de desequilíbrios individuais que por suas características dissimuladas, são difíceis de serem previstas e identificadas".
Porém, o próprio St. Nicholas afirmou que os tais fatos imprevisíveis não o isentam de suas responsabilidades.
O colégio anunciou que vai rever seus processos internos e aferir possíveis falhas na busca pela segurança de alunos e professores.
Sem detalhar o que de fato será feito, o colégio ressaltou apenas que "novos procedimentos serão implantados". "A escola é sensível ao impacto causado pelos fatos em seus alunos, pais, professores e demais profissionais. Exerce, com transparência, um diálogo permanente com vistas a esclarecer e manter o bom seguimento das suas atividades educacionais."
Na 6ª fase da operação Luz da Infância, os agentes da polícia buscaram por arquivos com conteúdo relacionado aos crimes de exploração sexual praticados contra crianças e adolescentes. Quando chegaram até os locais investigados, acabaram dando voz de prisão aos suspeitos localizados.
Armazenar fotos ou vídeos de abuso e exploração sexual infantil no Brasil é crime passível de pena de 1 a 3 anos de reclusão. Na prática, ninguém vai para a cadeia se o crime não estiver associado ao compartilhamento ou à produção dessas imagens.