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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Bruna Marquezine, 24, é uma das atrizes mais famosas do Brasil, lembrada especialmente por seus papéis em produções da Globo, como "I Love Paraisópolis" (2015), "Deus Salve o Rei" (2018) e "Em Família" (2014). Mas mesmo com tamanho reconhecimento, ela nunca chegou a fazer um papel de fôlego no cinema, e lamenta a falta de oportunidades.
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"Ainda existe um certo preconceito dentro do mundo das artes. Muitas pessoas enxergam atores e atrizes como 'de TV', 'de cinema' ou 'de teatro'. Nunca recebi muitas propostas para fazer cinema, porque cresci dentro da TV e fui vista como atriz de TV", diz Marquezine, que na última quinta (5) fez sua estreia como protagonista do longa-metragem "Vou Nadar Até Você".
Antes disso, ela havia feito somente participações pontuais em seis filmes, como "Xuxa em o Mistério da Feiurinha" (2009). Em conversa com os jornalistas para lançamento da produção, a atriz contou que gostou muito de gravar uma obra fechada, e que a experiência foi diferente do que estava acostumada a fazer -ainda mais porque trata-se de um filme no qual a fotografia é protagonista, e sua personagem tem poucas falas.
"Foi interessantíssimo para mim sair de uma experiência de novela, onde a palavra tem muito valor e cada vírgula é necessária, e poder me libertar da palavra para poder viver cada cena", diz a atriz. "Na vida, de modo geral, as palavras atrapalham."
Na trama, escrita e dirigida por Klaus Mitteldorf, Marquezine é Ophelia, uma jovem de 21 anos que vai nadando de Santos a Ubatuba, no litoral paulista, a fim de encontrar o pai alemão que ela nunca pôde conhecer.
Ophelia tem uma relação forte com a fotografia, assim como seu pai, que está em Ubatuba justamente expondo seu trabalho como fotógrafo. Ela, então, escreve uma carta a ele para dizer que irá encontrá-lo. Ele, por sua vez, manda um de seus ajudantes persegui-la sem ser notado.
"Ophelia é um tanto autêntica, muito diferente das personagens de 20 anos que me apareceram até então. Por incrível que pareça, muitas pessoas me perguntaram 'por que você escolheu [fazer] esse filme?', num tom de como se a oferta para fazer cinema fosse gigantesca", diz a atriz.
"Só de eles [produtores do filme] olharem para mim para viver esse desafio, já me senti extremamente honrada", completa Marquezine, ao ressaltar que a trajetória de sua personagem, tão relacionada à arte, a fez se reconectar com sua própria carreira e lado artístico, depois de tantos anos de ritmo acelerado em produções televisivas.
"Eu sabia que era algo muito distante de tudo o que já fiz por ser um filme sensorial, visual, e tudo isso me encantou. Eu, enquanto artista, precisava viver isso, algo novo, e não mais do mesmo. Até para me reciclar e poder lembrar o porquê da paixão pela minha arte."
Mitteldorf afirma que "foi um grande desafio" deslocar uma atriz conhecida pela TV e pelo Instagram, para colocá-la em um filme de arte. "Eu conheci quem era a Bruna nesse momento: uma grande atriz que eu acho que precisava dessa válvula de escape para mostrar quem ela é", diz ele. "Ajudei ela a sair desse nicho que ela estava."