Bolsonaro tem que sair da Presidência, diz Janaina Paschoal

A deputada criticou o presidente por participar de ato público quando o Ministério da Saúde pediu para todos evitarem aglomerações por conta do coronavírus

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Política Deputada 17/03/20 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve sair do cargo após ter contrariado seu próprio ministro da Saúde e, em meio à pandemia de coronavírus, ter tocado em apoiadores durante manifestação no domingo (15).

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"Esse senhor tem que sair da Presidência da República, deixa o [Hamilton] Mourão [vice-presidente], que entende de defesa, conduzir a nação", pediu Janaina nesta segunda (16), em discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo.

A deputada também criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por, na sua avaliação, não ter tomado medidas suficientes contra a pandemia. "Se houver um colapso no sistema de saúde em São Paulo, o governador deve perder o cargo", completou.

Janaina afirmou que Bolsonaro cometeu crime contra a saúde pública ao estimular os atos de domingo e ao participar da aglomeração, já que ele próprio está sob suspeita de ter contraído a Covid-19.

Embora o resultado de seu teste na semana passada ter sido negativo, ele fará novos exames, e ao menos 12 pessoas que se encontraram com ele estão com a doença.

"Como um homem que está possivelmente infectado vai para o meio da multidão? [...] Ele está brincando? Ele acha que pode tudo? As autoridades têm que se unir e pedir para ele se afastar. Não temos tempo para um processo de impeachment", afirmou.

Pelo Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) respondeu. "São 57.796.986 de brasileiros que votaram contra o sistema e a favor de Bolsonaro. A senhora tem todo o direito de se arrepender, não a criticarei por isso. Mas nunca se esqueça: a vontade do povo é (e continuará sendo) soberana."

Após ter sido cotada para ser vice de Bolsonaro na campanha de 2018, Janaina afirmou nesta segunda, pela primeira vez, que se arrependeu do seu voto no presidente.

Autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), a advogada e professora da USP teve mais de 2 milhões de votos para deputada estadual, um recorde nacional.

"Ele desrespeitou a ordem do ministro da Saúde. O que ele fez ontem é inadmissível, injustificável, indefensável", disse Janaina na tribuna.

Em outras ocasiões, a deputada foi crítica a Bolsonaro e nunca se considerou bolsonarista, mas até agora mantinha o apoio ao governo federal.

Também autor do pedido de impeachment de Dilma, o jurista Miguel Reale Júnior defende que o Ministério Público peça para que Bolsonaro seja submetido a uma junta médica para determinar se ele tem sanidade mental para ser presidente. Reale afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que Bolsonaro deve ser considerado inimputável por ter participado do ato em Brasília.

Na Assembleia, Janaina disse que as autoridades têm que ter responsabilidade. "Isso é homicídio doloso. Quanto as autoridades têm o poder e dever de tomar providências para evitar um resultado danoso e assim não procedem, elas respondem por esse resultado. Isso vai ser atribuído ao governador do estado e principalmente ao presidente da República", afirmou.

Segundo Janaina, na quinta (12), ela pediu a Doria que suspendesse cerimônias e inaugurações. "Ele riu na minha cara e disse que estava seguindo técnicos", disse a deputada.

No fim de semana, Doria tomou medidas mais restritivas, como suspensão de aulas e eventos, mas a deputada diz que isso não parece suficiente. "Ele continua fazendo inaugurações. Não pode", disse.

No domingo, Bolsonaro estimulou e participou de manifestações em diferentes pontos do país. Os atos tiveram gritos de guerra e faixas em defesa do governo federal e uma série de ataques ao Congresso e ao STF (Supremo Tribunal Federal). Também houve pedidos por parte dos manifestantes de intervenção militar e AI-5 (decreto da ditadura que permitiu a cassação de mandatos de parlamentares contrários ao regime, a implementação de censura prévia e a suspensão do habeas corpus por crimes de motivação política, entre outras medidas).

Na quinta, o presidente havia pedido que as manifestações fossem adiadas. Porém, apoiadores do presidente, como Olavo de Carvalho, continuaram as convocações.

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