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A Comissão Paroquial de Meio Ambiente (CPMA), organização sem fins lucrativos que atua na Bahia, divulgou manifesto para cobrar que o monitoramento de poços da população que vive na região de Lagoa Real, no sudoeste da Bahia, seja feito por uma empresa independente.
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Na semana passada, o governo da Bahia informou que pedirá apoio de órgãos federais para que seja implantado um programa de monitoramento permanente da água utilizada pela população de Lagoa Real. O governador da Bahia, Rui Costa, vai procurar apoio da Agência Nacional de Águas (ANA), do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama, para que seja criada uma rede de inspeção que envolva todos os poços das famílias que vivem na zona rural do município baiano.
A decisão foi tomada a partir da reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo no dia 22 de agosto sobre a contaminação de um poço com alto teor de urânio em um sítio localizado em Lagoa Real. A estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que detém o monopólio de exploração do material radioativo no País, encontrou água com alto teor de urânio no poço em 2014 e neste ano, mas não comunicou o fato ao governo da Bahia, tampouco ao Ibama ou Ministério do Meio Ambiente. Mesmo após realizar as inspeções, a INB declarou neste ano que não havia encontrado nenhuma situação em que a presença de urânio fosse superior ao limite permitido. A estatal opera desde 2000 em Caetité, na única mina de urânio da América Latina.
"É inacreditável que há quase quinze dias, depois que foi divulgada a contaminação por urânio da água do poço na comunidade de Varginha, interior da Bahia, o governo do Estado se limita apenas a anunciar alguma providência para os próximos dias", declara a CPMA. "Por incrível que pareça, tudo que fizeram até agora foi coletar água que já foi analisada duas vezes pela INB, que apontou urânio além do limite permitido. Ninguém entende o que o governo estadual pretende com isto. Ora, a situação é urgente e a população não pode esperar. Urânio não mata a sede e promessas não solucionam os problemas!"
O secretário do Meio Ambiente da Bahia, Eugenio Spengler, disse que o programa de monitoramento permanente que será implantado vai englobar inicialmente 96 poços localizados nas proximidades da área de influência da mineração de urânio.
A CPMA afirma que não é a primeira vez que o governo baiano promete tomar providências para solucionar problemas desta natureza na zona rural de Lagoa Real. "A população está cansada de viver enganada por empresas e governantes. É preciso ações concretas para atender às urgentes necessidades do povo. O monitoramento periódico de 96 poços não é suficiente."
Em nome das populações de Caetité, Livramento de Nossa Senhora e Lagoa Real, todos municípios próximos à mina, a organização pede que seja feito um monitoramento independente em todos os poços do entorno da mina, de acordo com as recomendações internacionais de segurança nuclear.
"Por que o governo baiano limitou-se a informar que vai pedir ajuda ao governo federal, mas não cita uma medida destinada a obrigar a INB a cumprir suas responsabilidades perante as populações e os trabalhadores afetados pelos impactos da mineração de urânio na Bahia?", questiona a CPMA.
A INB nega responsabilidades sobre a água contaminada que encontrou em Lagoa Real. Segunda a empresa, a presença de alto teor de urânio na água é natural, por causa da quantidade de minério que há na região. A empresa também afirma que sua mineração não tem influência sobre a água no poço de Lagoa Real, porque estaria em outra sub-bacia hidrográfica e a 20 quilômetros de distância de sua mina. Com informações do Estadão Conteúdo.