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Uma das consequências mais sentidas pelas famílias brasileiras com a pandemia de Covid-19 foi a suspensão de aulas presenciais nas escolas. Com o fechamento físico das instituições de ensino, a modalidade de educação a distância ganhou protagonismo nas escolas do país, fazendo equipes pedagógicas questionarem e repensarem as melhores maneiras de entregar aos estudantes um conteúdo de qualidade.
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A mudança brusca de rotina impacta toda a comunidade escolar: o mundo presencial deixa de ser o centro da convivência e as interações passam a acontecer principalmente por meio da tecnologia, com as pessoas distantes fisicamente. Nesse contexto, a diretora pedagógica da Escola Viva, Camilla Schiavo, comenta os pontos positivos e negativos do ensino online, analisando o que escolas e famílias precisam levar em consideração na quarentena.
Continuidade das aulas
Para as escolas que estão oferecendo o EAD, Camilla enxerga como primeiro ponto positivo a continuidade dos estudos, sem a interrupção do fluxo de trabalho pedagógico e dos conteúdos que estavam previstos para esse momento. A diretora pedagógica, porém, ressalta que esse é um benefício dado o cenário de quarentena. “A Escola Viva acredita que a interação entre os pares (alunos e alunos, aluno e professor) é insubstituível e o que faz toda diferença no processo de ensino e aprendizagem. Estamos criando formas e ferramentas para dar conta dessa interação, mas sabemos que nada se compara com o momento olho no olho entre professor e aluno e a turma toda”, atenta.
Imersão da escola no ambiente digital
A quarentena surpreendeu muitas escolas que precisaram transpor seu material pedagógico para o ambiente digital. Apesar de algumas instituições ainda estarem se adaptando ao ensino online, Camilla entende esse momento como uma oportunidade para equipes pedagógicas, alunos e famílias se inserirem na cultura digital. “O que todos nós (professores e demais educadores) precisamos é aproveitar essas ferramentas que o ensino a distância fornece para aprimorar o trabalho de sala de aula e reinventar os habituais processos de ensino”. Ela explica que as possibilidades oferecidas pelo EAD permitem que o aluno caminhe em um percurso de investigação mais individual, ao mesmo tempo em que ele mergulha em uma tecnologia que facilita o contato com pessoas, recursos e lugares do mundo inteiro.
Tempo de exposição às telas digitais
Um ponto negativo em relação ao estudo a distância é o tempo de exposição às telas de celulares, tablets ou computadores que crianças e jovens podem ficar submetidos. Por isso, Camilla reforça a importância da escola também propor atividades analógicas, feitas no material didático. “Estamos buscando equilíbrio entre as propostas virtuais, as realizadas em materiais físicos, bem como, as que as crianças precisam da mediação dos adultos e as que elas já conseguem fazer com autonomia”. A especialista explica que uma criança consegue ficar dentro de sala durante as horas de aula porque nesse período ela se move, vai ao banheiro, desce para o recreio e conversa com os colegas. Já em casa a interação com os colegas e com os ambientes não é tão grande, por isso, não é aconselhável mantê-la tanto tempo no ambiente virtual.
Dificuldade em estabelecer rotina
Outro ponto que tem sido constantemente debatido na comunidade escolar é a dificuldade dos familiares de alunos mais novos estabelecerem uma rotina de estudos, já que as crianças demandam supervisão. Para ajudar pais e responsáveis a solucionar esse problema, Camilla conta que professores e coordenadores da Escola Viva estão disponibilizando sugestões de rotina de estudos durante a quarentena. Ela avalia que o momento atípico (com familiares trabalhando em casa, por exemplo) precisa da colaboração de toda família e a escola pode contribuir com organização e na delimitação de prazos, considerando os desafios da realização a distância.
Valorização da interação presencial
"Esse momento que as escolas e o mundo estão vivendo nos traz um olhar para o que é necessário e genuinamente humano, algo que jamais uma máquina poderá suprir. O que vamos banalizando no olhar, em um momento como esse se torna uma oportunidade para revermos conceitos e relações. O lugar da escola na vida das pessoas vai tomando um espaço que, até então, poderia ser visto como algo corriqueiro. Se antes algumas famílias e alunos pensavam ‘Faz parte ir pra escola todo dia, é uma obrigação’, agora não é apenas uma necessidade de aprender conteúdo, mas também uma necessidade de aprender a ser e a se relacionar. Acreditamos que ninguém sairá igual depois desse período de reclusão obrigatória, de algum modo todos estamos sendo tocados e convidados a pensar a vida cotidiana por outras perspectivas”, finaliza Camilla.