Dívida bruta do Brasil chegará a 98,2% do PIB com pandemia, diz FMI

Para o FMI, a dívida bruta do Brasil vai subir dez pontos

© Reuters

Economia Relatório 15/04/20 POR Folhapress

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - A pandemia do coronavírus vai causar um deterioramento fiscal nos países de todo o mundo e um aumento drástico em suas dívidas públicas.

PUB

Segundo relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgado nesta quarta-feira (15), a dívida bruta do Brasil deve subir quase dez pontos percentuais em 2020 e atingir 98,2% do PIB (Produto Interno Bruto).

O patamar é o mais alto entre as economias emergentes, o que torna o país ainda mais vulnerável a crises e choques externos.

O novo momento, porém, fará com que o aumento de déficits e dívidas públicas extrapole o Brasil e as economias emergentes, e atinja a todos os países do globo. A projeção é que a dívida bruta mundial aumente 13 pontos e chegue a 96,4% do PIB em 2020.

No ano passado, a dívida bruta brasileira era de 89,5% do PIB, mas o aumento acentuado para este ano, diz o FMI, é reflexo da queda de produção e receitas decorrente da pandemia e da necessidade de ampliar gastos principalmente no setor de saúde e de serviços emergenciais.

O México, por sua vez, chegará a uma dívida de 61,4% do PIB neste ano, bem abaixo do índice brasileiro, e a América Latina como um todo ficará na casa dos 78%.

O governo brasileiro desconsidera os títulos do Tesouro mantidos no Banco Central e calcula a dívida pública do país entre 75% e 80% do PIB hoje. Em razão da diferença de critérios, portanto, não é possível fazer qualquer comparação com os dados divulgados pelo FMI.

No seu relatório Monitor Fiscal de outubro de 2019, ainda sem a pandemia em suas projeções, o Fundo avaliava que a dívida do Brasil chegaria a 93,9% do PIB em 2020, com um pico que seria atingido em 2022, de 95,3%, abaixo do nível que deve ser alcançado este ano.

A recuperação viria somente a partir de 2024, mas agora o cenário é ainda mais incerto e as retomadas fiscais e econômicas dependem de diversos outros fatores atrelados à duração e gravidade da pandemia.

No esforço de combater a crise sem precedentes desde a Grande Depressão de 1929, diz o FMI, os países precisam redirecionar seus gastos e políticas fiscais para "salvar vidas" e "pessoas e empresas mais atingidas" pela pandemia. Não são mais desejáveis em vários setores, por exemplo, políticas de estímulo a atividades em um momento no qual estão vigentes as regras de isolamento e distanciamento social.

Diante dessas e outras dificuldades, a dívida bruta nas economias desenvolvidas também deve disparar: o índice irá a 122,4% em 2020, em comparação aos 105,2% de 2019.

As duas maiores economias do mundo, EUA e China, também verão uma escalada considerável de suas dívidas brutas. Nos EUA, o índice passará de 109% do PIB no ano passado para 131,1% este ano, enquanto na China o número irá de 54,4% para 64,9%.

O Fundo fala ainda em "aumento de déficit necessário e apropriado" a medida que os governos precisam redirecionar seus gastos e desenvolver políticas fiscais para agirem frente à pandemia, mas alerta para a dificuldade de países emergentes, como o Brasil, se recuperarem pós-crise.

"Embora o aumento considerável desses déficits esse ano seja necessário e apropriado, a situação mais preocupante é para mercados vulneráveis, emergentes e em desenvolvimento, que enfrentam múltiplos choques além da pandemia, como o agravamento abrupto das condições de financiamento, queda das demandas externas -caso dos exportadores de commodities", diz o relatório.

"Mesmo após o esforço global para aliviar restrições de financiamento, esses países vão ter que redirecionar seus gastos à saúde ao invés de outros serviços."

No Panorama da Economia Global, divulgado na terça (14), o Fundo projetou queda de 3% na economia mundial e previu recuperação de 5,8% no ano que vem caso a pandemia melhore até o segundo semestre de 2020.

No Brasil, a projeção de retração foi de 5,3% para este ano e a recuperação prevista para 2021, de 2,9%.

A previsão do Fundo é que os gastos com saúde e com medidas de auxílio a pessoas e empresas também vão ter custos fiscais, atualmente estimados em US$ 3,3 trilhões no mundo todo. Já os planos de empréstimos, injeções patrimoniais e garantias totalizam US$ 4,5 trilhões.

As economias do G20, por exemplo, já ofereceram medidas de apoio fiscal que chegam a 3,5% do PIB, em média, o maior estímulo desde a crise financeira de 2008-2009.

Na França, Alemanha e Itália, países bastante impactados pelo novo coronavírus, os gastos foram de mais de 10% do PIB em pacotes para apoio, incluindo empréstimos.

O Brasil, na projeção do órgão, gastou cerca de 2,9% do PIB em ações de combate à pandemia.

O Fundo explica que os países devem redirecionar gastos a medidas que visem diminuir transmissões e descobrir tratamentos e vacinas para alcançar o que deve ser a prioridade do mundo hoje: salvar vidas.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Rio Grande do Sul Há 13 Horas

Avião cai em Gramado; governador diz que não há sobreviventes

mundo EUA Há 16 Horas

Professora que engravidou de aluno de 12 anos é condenada

fama GUSTTAVO-LIMA Há 19 Horas

Gusttavo Lima é hospitalizado, cancela show no festival Villa Mix e fãs se revoltam

fama WILLIAM-BONNER Há 15 Horas

William Bonner quebra o braço e fica de fora do Jornal Nacional no fim do ano

brasil BR-116 Há 17 Horas

Acidente com ônibus, carreta e carro deixa 38 mortos em Minas Gerais

fama Pedro Leonardo Há 17 Horas

Por onde anda Pedro, filho do cantor Leonardo

lifestyle Smartphone Há 16 Horas

Problemas de saúde que estão sendo causados pelo uso do celular

esporte FUTEBOL-RIVER PLATE Há 16 Horas

Quatro jogadoras do River Plate são presas em flagrante por racismo

fama Vanessa Carvalho Há 17 Horas

Influenciadora se pronuncia após ser acusada de trair marido tetraplégico

mundo Síria Há 18 Horas

'Villa' luxuosa escondia fábrica da 'cocaína dos pobres' ligada a Assad