ACNUR e Governo brasileiro unem-se para travar vírus entre refugiados

Em Boa Vista, capital do estado brasileiro de Roraima e principal porta de entrada de refugiados no Brasil, venezuelanos e brasileiros trabalham na construção de um hospital temporário

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Brasil ACNUR 18/04/20 POR Notícias Ao Minuto

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e o Governo brasileiro uniram esforços para travar a disseminação do novo coronavírus entre refugiados venezuelanos, construindo um hospital em Roraima e com a distribuição de produtos de higiene.Em Boa Vista, capital do estado brasileiro de Roraima e principal porta de entrada de refugiados no Brasil, venezuelanos e brasileiros trabalham na construção de um hospital temporário para o acompanhamento e tratamento da covid-19.

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A unidade hospitalar, denominada Área de Proteção e Cuidados (APC), terá 1.200 camas e mais mil vagas para observação de casos suspeitos, estando a ser construída pela Operação Acolhida, uma resposta do Governo do Brasil ao fluxo de migrantes e refugiados venezuelanos, e que conta com o apoio do ACNUR e de outras agências da Organização das Nações Unidas.

"Além de prestar assessoria técnica na fase de construção do hospital, o ACNUR doou 250 unidades residenciais (as mesmas já usadas nos abrigos de Boa Vista e Manaus) para acomodar pacientes, além de 2.500 camas, colchões, alimentos e materiais de limpeza e higiene pessoal. Um novo abrigo temporário foi criado em Boa Vista para acomodar casos suspeitos da covid-19 até que a APC esteja a funcionar", disse à Lusa o porta-voz do ACNUR no Brasil, Luiz Fernando Godinho.

Outra das principais preocupações do ACNUR tem sido levar informações de prevenção a populações em situação de rua ou instaladas em abrigos espontâneos, assim como distribuir 'kits' de higiene e limpeza para enfrentar a pandemia, ajuda essa que, segundo o porta-voz, já chegou a 15 mil refugiados.

Porém, a informação transmitida a esta população requer ainda a necessidade da sua tradução em espanhol e em idiomas falados pelas etnias indígenas venezuelanas que se refugiaram no país vizinho.

"Em todo o país, o ACNUR e seus parceiros têm distribuído informação confiável e acessível sobre hábitos e práticas de saúde que evitam a disseminação da covid-19. Esta informação precisa de ser customizada, dadas as necessidades específicas da população refugiada, inclusive em questões idiomáticas", indicou Godinho.

Ao contrário de outros países que se têm negado a apoiar mais refugiados durante a pandemia, a agência da ONU garante que o executivo brasileiro, liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro, tem inserido a população refugiada na sua resposta nacional à covid-19, tanto nas questões de saúde, como nas medidas de compensação econômica.

"O Governo brasileiro tem respondido à pandemia, e a população refugiada no Brasil está incluída nesta resposta", frisou o ACNUR.

O Brasil tinha até sexta-feira 2.141 óbitos e 33.682 casos de infecção pelo novo coronavírus, segundo dados do Ministério da Saúde do país.

A região Norte, que concentra a maioria dos refugiados venezuelanos no Brasil, e que nas últimas semanas vinha sendo a área menos afetada, viu os seus números de infectados dispararem, com o estado do Amazonas a estar no centro das preocupações da tutela da Saúde.

Apesar de o ACNUR não ter confirmado a existência de casos entre refugiados, frisou, no entanto, estar a trabalhar com as autoridades locais do Amazonas e do Pará de forma a reforçar os abrigos nesses estados, especialmente para as etnias indígenas venezuelanas Warao e Eñepa.

Uma das preocupações das autoridades é a vulnerabilidade das populações indígenas face a doenças respiratórias, o que aumenta o risco de agravamento em caso de contágio pelo novo coronavírus, e que já causou mortes.

Na semana passada, o governo do estado de Roraima confirmou a morte de um indígena brasileiro da etnia Yanomami, de 15 anos, que estava infectado pelo novo coronavírus.

Mais tarde, o Ministério da Saúde informou o óbito de mais dois indígenas por causa do novo coronavírus: uma indígena Kokama, de 44 anos, e um indígena da etnia Tikuna, de 78 anos, ambos internados em Manaus.

Mas nem só a saúde requer a atenção da agência da ONU para os refugiados, com a parte econômica a encabeçar as prioridades do organismo.

"Também estamos atentos à repercussão econômica da pandemia sobre a autossuficiência destas pessoas, pois muitas delas tiveram as suas fontes de rendimento comprometidas com as restrições que vêm sendo adotadas pelas autoridades sanitárias", afirmou o porta-voz do ACNUR.

Entre as medidas econômicas apontadas pela agência está a expansão, em todo o território brasileiro com presença de refugiados, do pagamento de bolsas financeiras de emergência para os casos mais vulneráveis, assegurando que possam cobrir as necessidades básicas desses cidadãos, inclusive residência e alimentação.

"Outra ação importante tomada pelo ACNUR e entidades parceiras é a promoção dos empreendimentos de refugiados durante o período da quarentena, pois elas precisam manter os seus negócios para assegurar rendimentos pessoais e familiares. Todas essas medidas beneficiam não apenas a população refugiada, mas também as comunidades que acolhem estas pessoas", defendeu Luiz Fernando Godinho.

Segundo o porta-voz do ACNUR no Brasil, todo o trabalho feito pelas várias entidades é uma forma de assegurar os direitos das pessoas forçadas a deslocarem-se devido a "guerras, conflitos e violações de direitos humanos".

"Entendemos que as populações refugiadas no Brasil e no mundo possuem necessidades adicionais associadas à sua situação de deslocamento forçado. É preciso redobrar as nossas ações para assegurar que estas pessoas estejam incluídas nas respostas nacionais à covid-19, e por isso trabalhamos para fortalecê-las sempre que necessário", concluiu.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 150 mil mortos e infectou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Pelo menos 483 mil doentes foram considerados curados.

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