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Cerca de cem mil pessoas, segundo estimativas dos organizadores, participaram hoje nas exéquias fúnebres de um líder religioso muçulmano no Bangladesh, violando o confinamento em vigor desde março neste país de 168 milhões de habitantes.Os organizadores do funeral do imã Jubayer Ahmad Ansari estimaram em cem mil o número de pessoas que compareceram na cerimónia, avaliação confirmada mais tarde por Shah Ali Farhad, assessor do primeiro-ministro Sheikh Hasina.
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Para limitar o risco de contágio por covid-19, a polícia tinha aprovado a presença de 50 pessoas na cerimônia, que teve lugar em Sarail, no leste do país, depois de negociações com a família do imã.
Porém, a polícia acabou por não conseguir conter a multidão de seguidores do imã, que acorreram à cerimônia em grupos de dezenas de milhares de pessoas.
"As pessoas surgiram em ondas", contou Shahadat Hossain, chefe da polícia local, à AFP.
O Bangladesh impôs em 26 de março o confinamento dos seus 168 milhões de habitantes, para travar a propagação do novo coronavírus.
Uma das medidas mais contestadas pela população fixou em cinco o número máximo de pessoas que podem estar ao mesmo tempo em cada uma das 300.000 mesquitas existentes no país.
As autoridades têm pedido aos fiéis que façam as respectivas orações em casa, mas todos os dias surgem apelos públicos para que as pessoas continuem a frequentar em massa as mesquitas, feitas por um grupo de membros influentes do clero muçulmano.
Segundo dados oficiais, o número de casos de covid-19 no Bangladesh aumentou mais de 300 neste sábado, atingindo a cifra de 2.200 casos positivos, dos quais resultaram 84 mortes.
Até agora foram realizados poucos testes e os especialistas de saúde pública locais e internacionais têm manifestado a convicção de que os números oficiais estão longe de refletir a realidade no país, que faz fronteira com a Índia.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 154 mil mortos e infectou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 497 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa cerca de 4,5 mil milhões de pessoas em 110 países (quase seis em cada dez seres humanos), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.