© Ueslei Marcelino/Reuters
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com o início da política de isolamento social, o número de admiradores do presidente Jair Bolsonaro diminuiu na entrada do Palácio da Alvorada. Por outro lado, a residência oficial da presidência da República passou a receber novos visitantes.
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Desde o início de abril, ratos têm se proliferado no entorno do palácio do governo em busca de restos de comida.
Antes raros no local, eles passaram a circular livremente nos jardins, banheiros e bancos localizados na entrada principal da residência oficial.
O local é onde, diariamente, o presidente cumprimenta simpatizantes e concede entrevistas aos veículos de imprensa.
Na semana passada, um deles quase subiu no pé de um repórter televisivo enquanto ele gravava uma reportagem.
Na quarta-feira (22), outro roedor se aproximou de um jornalista e acabou assustando uma turista, que aguardava para fazer uma fotografia com Bolsonaro.
Eles costumam aparecer no final da tarde, quando diminui o número de pessoas, e já invadiram inclusive o cercado reservado aos eleitores do presidente.
A presença dos chamados saruês, nome dado a uma espécie de gambá comum na América do Sul, sempre foi recorrente no local, que ainda preserva vegetação nativa do cerrado.
Os ratos, no entanto, eram raramente vistos no entorno do Palácio da Alvorada tanto no primeiro ano do atual governo como durante as últimas gestões.
Procurada pela reportagem, a Secretaria-Geral, pasta responsável pela administração do patrimônio da Presidência da República, informou que, neste ano, foi feita uma desratização no final de janeiro. Após o questionamento da reportagem, uma nova foi realizada na quinta-feira (23). Segundo o governo, ela "já estava programada".
De acordo com a pasta, as dedetizações são feitas todo trimestre e podem ser reforçadas no caso do aparecimento de roedores.
A pasta afirmou ainda que "não há registro de ações recentes que justifiquem o aparecimento de roedores no local", mas observou que a grande ocorrência de chuvas pode ter contribuído.
"Podemos citar o período chuvoso, que impede a fixação dos ativos que combatem os animais, já que estas espécies são altamente resistentes e possuem alta taxa reprodutiva", ressaltou.
Não é a primeira vez que o Poder Executivo é invadido por pragas urbanas. Em 2017, durante o mandato de Michel Temer, o Palácio do Planalto enfrentou uma infestação de baratas.
Elas ocupavam os suportes de energia elétrica próximos à galeria de retratos dos presidentes, no andar térreo, e chegaram a subir em jornalistas e servidores.
Em 2011, no governo Dilma Rousseff, foi a vez do então Ministério das Cidades, hoje incorporado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, enfrentar problemas com baratas.
Em um despacho interno, um assessor especial do então ministro Mário Negromonte solicitou uma dedetização urgente. Segundo ele, os insetos passeavam de maneira "tranquila" e "impune" por objetos e pessoas.
A presença de baratas chamou a atenção do ministro, que vinha "dividindo com elas diuturna, democrática e insalubremente o ambiente".
Em 2005, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ratos, baratas e formigas invadiram também o Palácio do Planalto após uma dedetização na área externa.