© REUTERS / Andres Martinez Casares
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O regime de Nicolás Maduro disse que interceptou uma incursão marítima de "terroristas mercenários" que tentavam entrar no país a bordo de lanchas, vindos da Colômbia. A oposição considerou o caso uma encenação, para desviar o foco de outros problemas.
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Segundo o governo, um grupo chegou na manhã de domingo (3) à costa de La Guaira, a 32 km de Caracas.
"Eles tentaram fazer uma invasão pelo mar. Era um grupo de mercenários terroristas da Colômbia, com a intenção de cometer atos terroristas no país e matar líderes do governo revolucionário", disse Nestor Reverol, ministro do Interior, em um discurso na TV. Segundo ele, essas ações seriam uma forma de ampliar a violência, gerar caos e, assim, criar condições para um golpe de Estado.
O governo disse que oito pessoas foram mortas na operação e duas, presas. Afirmou também que uma das lanchas afundou, e que barcos militares fazem buscas por sobreviventes na costa.
Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Constituinte, disse que um dos mortos é Roberto Colina, apelidado de Pantera e ligado ao general da reserva Cliver Alcalá Cordones. O militar é acusado pelos EUA de narcoterrorismo. Cordones rompeu com Maduro em 2013 e depois passou a apoiar o líder opositor Juan Guaidó.
O governo Maduro acusou Cordones de tentar introduzir no país um arsenal de armas apreendido na Colômbia em março, com a suposta participação de Guaidó, que negou as acusações.
Em um comunicado, Guaidó disse que o relato do suposto incidente deste domingo tem contradições e inconsistências, e que se trata de uma tentativa de desviar a atenção da rebelião ocorrida em um presídio na sexta (1º), que deixou ao menos 47 mortes, e de uma briga de gangues em Caracas no sábado (2).
O governo colombiano disse que as acusações de envolvimento do país são infundadas, e também classificou o caso como uma ação para tirar o foco de problemas reais.
Maduro frequentemente acusa seus adversários de tentar derrubá-lo do poder com o apoio dos EUA. A oposição diz que são acusações sem fundamento, inventadas para justificar a prisão de opositores.
Os Estados Unidos, o Brasil e dezenas de outros países consideram que a reeleição de Maduro em 2018 foi ilegítima, e não o reconhecem como líder da Venezuela.
No entanto, Maduro segue no comando, com apoio das Forças Armadas e de países como China e Rússia. O país enfrenta uma grave crise econômica e social, que levou milhões de pessoas a deixar o país.