Entenda o que é deflação e os riscos da queda de preços persistente

Uma deflação persistente, no entanto, reduz a demanda da economia e pode prejudicar a geração de empregos e da própria renda

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Economia INFLAÇÃO-IPCA 08/05/20 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A deflação pode ser definida como uma taxa de inflação abaixo de zero ou negativa. É quando um índice de preços, que reflete uma determinada cesta de consumo, mostra queda na média dos preços coletados.

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Essa queda pode ser pontual ou estrutural, com efeitos benéficos ou não a depender do que originou a deflação e da sua duração.

Em abril, primeiro mês completo de quarentena por causa da pandemia de coronavírus, o IPCA (índice oficial de preços ao consumidor medido pelo IBGE) registrou deflação de 0,31%, resultado só comparável ao verificado no mesmo período de 1998.

É um resultado pontual, mas que pode se tornar permanente a depender dos desenvolvimentos da crise atual.

Veja também: Governo libera R$ 5 bi para financiamento da infraestrutura turística

Para o consumidor, a queda de preços pode parecer uma notícia positiva em um primeiro momento, por aumentar o poder de compra das pessoas, ou, pelo menos, minimizar sua queda no contexto atual. Uma deflação persistente, no entanto, reduz a demanda da economia e pode prejudicar a geração de empregos e da própria renda.

Esse ainda não é o cenário atual para o governo e o mercado financeiro. Ao reduzir a taxa básica de juros para 3% ao ano na última quarta-feira (6), o Copom (Comitê de Política Monetária) citou a estimativa de inflação do mercado financeiro a partir da pesquisa Focus, atualmente em 2% para este ano.

As projeções do próprio Banco Central são de 2,3% e 2,4%, dependendo do cenário para câmbio e juros. Ou seja, teremos inflação baixa neste ano, mas teremos inflação.

O professor da Fipecafi (FEA/USP) Estevão Alexandre afirma ainda que o IPCA reflete uma cesta de consumo, que pode se alterar por causa da pandemia, e que o impacto da queda de preços será diferente para cada família.

Na pandemia, as pessoas mantiveram o consumo de alimentos ou até aumentaram, fazendo estoques, mas reduziram o uso de transportes públicos e privados. O IPCA mostrou alta de 2,24% na alimentação em domicílio e queda acentuada no preço dos transportes e combustíveis, o que foi fundamental para puxar a índice para o terreno negativo.

"O principal item do IPCA, alimentos e bebidas, com participação em torno de 20%, subiu muito e é um fator que preocupa. É o item que os consumidores estão consumindo mais no momento", afirma Estevão.

Para ele, será difícil chegar a um quadro de deflação persistente no Brasil em 2020. "Não vejo um ambiente de deflação até o final deste ano, a não ser que a quarentena se estenda por muito tempo."

Outro indicador divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (8), o INPC, mostrou deflação ligeiramente mais baixa (0,23%) que o IPCA (0,31%). Esse é o índices de preços que mede a cesta de consumo da população assalariada com rendimento mais baixo, que normalmente consome mais alimentos, produtos que ficaram mais caros em abril.

Os IGPs, índices gerais de preços medidos pela FGV e que refletem também os preços no atacado, ainda não registraram deflação ainda.

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