© Reuters
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em meio à pandemia do novo coronavírus, o Brasil possui 5.127.747 domicílios em aglomerados subnormais -também conhecidos como favelas-, distribuídos em mais de 734 municípios. Dois terços delas estão a 2 quilômetros ou menos de distância de alguma unidade de saúde. É o que mostra uma divulgação desta terça-feira (19) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
PUB
No total, o país possui 13.151 aglomerados subnormais, que são chamados de várias denominações, de acordo com a região do Brasil, como favela, invasão, grota, baixada, comunidade, mocambo, palafita, loteamento, ressaca, vila, entre outros. O IBGE classificou os aglomerados subnormais como formas de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia, públicos ou privados, para fins de habitação em áreas urbanas e, em geral, caracterizados por carência de serviços públicos essenciais e localização em áreas que apresentam restrições à ocupação.Nesses espaços, normalmente residem populações com condições socioeconômicas, de saneamento e de moradia mais precárias.
Veja também: Empresas abrem 520 vagas para atender compras pela internet
Muitos deles possuem casas pequenas e muito próximas uma das outras, o que dificulta o isolamento social e pode facilitar a disseminação do Covid-19.De acordo com o IBGE, a divulgação é uma antecipação de resultados, o que objetiva fornecer à sociedade informações para o combate da pandemia do novo coronavírus.O s números divulgados foram obtidos em preparação do órgão para a realização do Censo Demográfico 2020, que acabou adiado para o ano que vem por causa da pandemia, além de dados de mapeamento feito pelo Cadastro Nacional de Unidades de Saúde.
No Censo de 2010, o Brasil tinha 6.329 favelas, com 3.224.529 domicílios ocupados nelas, distribuídas em 323 municípios. Segundo o IBGE, os números não podem ser comparados com a divulgação desta terça, que se tratam de uma estimativa realizada para a operação do Censo 2020 e só estão sendo divulgados para enfrentamento da pandemia.Epicentro da doença no Brasil, a cidade de São Paulo lidera a estatística do número de domicílios ocupados nas comunidades. São 529.921, segundo o IBGE.
A comunidade de Paraisópolis é uma das maiores do Brasil, com 19.262 casas.Até esta segunda-feira, a capital paulista possuía 39.163 casos de Covid-19, com 2.884 óbitos.O estado de São Paulo é também o que mais concentra casas em favelas no Brasil. São mais de um milhão, com 1.066.813 domicílios.No total, a região possui 62.066 casos confirmados do novo coronavírus até esta segunda, com 4.823 mortes.
Outro local que concentra uma grande quantidade de óbitos e mortes é o Rio de Janeiro, que de acordo com o IBGE é o segundo local em número absolutos de aglomerados subnormais.A capital carioca possui 453.571 domicílios desse tipo, enquanto o Estado todo apresenta 716.326.A Rocinha, no Rio de Janeiro, é a favela com maior número total de domicílios, com 25.742.
Na semana passada, a Folha mostrou que as 29 mortes pela Covid-19 confirmadas no local até o dia 8 superavam a média mensal de mortes em geral nos últimos quatro anos (25). O número, compilado por médicos locais, é o dobro do que constava no painel oficial da prefeitura (14).Segundo médicos de família, agentes comunitários e moradores de diferentes favelas do Rio de Janeiro ouvidos pela Folha de S.Paulo, existe uma imensa subnotificação nesses locais, comprovada por dados como aumento nos chamados de ambulância durante a pandemia, além da alta no caso de síndromes respiratórias agudas graves e levantamentos de casos locais.
Apesar do grande número de aglomerados subnormais, a proporção em relação ao total de domicílios ocupados em São Paulo e Rio de Janeiro é menor do que outros locais. O Rio tem 12,63%, contra 7,09% de São Paulo.
O Amazonas é o estado líder nesse quesito, com 34,6%. No Estado, o Covid-19 havia superado a marca de 20 mil infectados no fim de semana, com mais de 1.400 mortos.Manaus apresenta a maior proporção de domicílios em favelas entre todas as capitais estaduais, com 53,4%.
A Folha de S.Paulo mostrou, na semana passada, a alta no número de sepultamentos da cidade. Na segunda-feira (11), foram 99 enterros nos cemitérios públicos da cidade, contra uma média de 28 no ano passado. O sistema de saúde local entrou em colapso durante a pandemia.
Veja também: Consumo das famílias, carro-chefe da economia, registra queda histórica