© Reuters
SÃO PAULO, SP, E PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Mesmo com a queda de até 50% no fluxo médio de pessoas e uma retração de 55% das vendas, representantes dos 88 shoppings, que já estão operando pelo país, são categóricos: preferem ganhar menos a manter as portas fechadas.
PUB
Na serra gaúcha, por exemplo, onde os shoppings estão prestes a completar um mês de reabertura, a avaliação é que, mesmo com a queda de circulação, abrir as portas é vantajoso.
Segundo o vice-presidente de operações da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, Charles Krell, ainda que o volume de vendas e de pessoas ainda esteja abaixo dos níveis pré-pandemia, o resultado tem sido satisfatório, principalmente porque as taxas de conversão (vendas efetivas) se aproximam de 100%.
O Iguatemi tem duas estruturas de outlet funcionando: uma em Tijucas (SC) e outra em Novo Hamburgo (RS).
"Os lojistas estão satisfeitos por estarem abertos e com as vendas em retomada. Todos têm plena consciência de que essa é uma volta pausada, ninguém tinha ilusão de que seria uma arrancada de vendas. E saber disso tem sido a chave para a recuperação."
Dados da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) apontam que a maior concentração de reabertura dos shoppings é na região Sul, cujos três estrados respondem por 56 do total de estruturas operantes no país –o equivalente a 63,6%.
Especificamente no Rio Grande do Sul, os shoppings já podem abrir desde 16 de abril. Cabe às prefeituras decidir se eles devem seguir fechados. Inicialmente, porém, o decreto estadual não permitia a reabertura dos shoppings na região metropolitana de Porto Alegre, mas já houve a liberação da capital também.
Desde 14 de maio, uma portaria determina as normas de funcionamento dos shoppings por meio de um sistema de bandeiras coloridas para organizar as atividades econômicas em 20 regiões durante a pandemia da Covid-19. A operação é liberada, com algumas restrições, para bandeiras amarela e laranja.
No caso da bandeira vermelha, as vendas só podem ocorrer por tele-entrega o drive-trhu. Na preta, os shoppings não podem funcionar. Não há nenhuma região sob essas bandeiras mais restritivas.
Ainda segundo a Abrasce, a região Centro-Oeste é a segunda com a maior concentração de shoppings abertos, 16. Em seguida vem o Sudeste, com 15, e o Nordeste, com apenas um em operação.
Segundo o presidente da associação, Glauco Humai, grande parte da redução das vendas e da circulação observada é pela redução das atividades de lazer –como cinemas e estruturas infantis– e pela maior conscientização por parte do consumidor, que faz uma compra mais assertiva e programada.
"Esse também é um comportamento que vimos mudar. O consumidor que antes gastava, na média, 76 minutos em uma visita agora fica apenas pouco mais de 25 minutos no shopping. Isso mostra que as compras são previstas, ele vai, compra o que quer e vai embora", diz Humai.
Para o vice-presidente institucional da Multiplan, Vander Giordano, a redução do tempo de permanência dos consumidores nas estruturas físicas também significa a possibilidade de manutenção da operação do shopping sem eventos que poderiam gerar aglomeração.
"O ParkShoppingCanoas [no RS] é o primeiro da nossa rede a reabrir e adotou uma série de medidas rigorosas para preservar a saúde e segurança de todos. É uma retomada gradual, e temos uma perspectiva otimista sobre o futuro", afirma Giordano. O shopping tem operado com metade da capacidade de vagas nos estacionamentos e uso obrigatório de máscaras, entre outros.
Em Caxias do Sul, na serra gaúcha, o Shopping Prataviera –o mais antigo da cidade– reabriu ainda em 22 de abril, com queda de 40% no volume de frequentadores diários. Ainda não é possível calcular a queda nas vendas. Ainda assim, a avaliação é que é melhor manter o shopping aberto.
"O lojista precisa movimentar. Tem gente fazendo promoções e usando as mercadorias que ficaram paradas para fazer ofertas", diz João Prataviera Neto, gerente-geral do shopping.
No Iguatemi de Caxias do Sul (da administradora BR Malls), que reabriu em 20 de abril, o movimento caiu 50% em relação a 2019, afirma Thiago Quina, superintendente. "Tanto o Prataviera quanto o Iguatemi Caxias obedecem ao limite máximo de 50% da capacidade, horário reduzido e protocolos de higiene para clientes e lojistas.
Apesar da expectativa para a reabertura, os executivos também afirmam que a tendência é que os shoppings mantenham as estruturas de drive-thru e delivery ao menos nos primeiros momentos para atender clientes que ainda não se sintam confortáveis em compras presenciais ou aqueles que estejam no grupo de risco.