Ao rebater Witzel, Flávio Bolsonaro defende Queiroz: 'cara correto'

Flávio afirmou que se arrepende de ter apoiado Witzel na eleição de 2018

© Pedro França/Agência Senado

Política Bastidores 27/05/20 POR Folhapress

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) fez nesta terça-feira (26) uma rara defesa de seu ex-assessor Fabrício Queiroz ao atacar o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), alvo da Operação Placebo deflagrada pela Polícia Federal.

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Flávio afirmou que se arrepende de ter apoiado Witzel na eleição de 2018 e disse que, durante a campanha, o hoje governador ligava para Queiroz para tentar localizá-lo.

"Você ficava ligando para o Queiroz para correr atras de mim na campanha. Sabia que o Queiroz estava do meu lado. Um cara correto, trabalhador, dando sangue por aquilo que acredita. Como eu me arrependo de ter, eu, te elegido governador. Você não me deu um voto", disse o senador.

Esta é a primeira vez desde 6 de dezembro de 2018 que Flávio Bolsonaro faz um elogio público a Queiroz, pivô da investigação aberta contra o senador.

Desde que a menção a seu ex-assessor num relatório do Coaf foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, o senador vem tentando se desvincular do policial militar aposentado.

A transmissão em sua rede social foi feita para responder ao pronunciamento de Witzel, na qual acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de usar a PF para persegui-lo e disse haver provas contra Flávio suficientes para prendê-lo.

"Senador Flávio Bolsonaro, com todas as provas que nós já temos contra ele, que já estão aí sendo apresentadas, dinheiro em espécie depositado na conta corrente, lavagem de dinheiro, bens injustificáveis, senador Flávio Bolsonaro já deveria estar preso. Esse, sim", disse Witzel em pronunciamento no Palácio Guanabara.

"Você comete um erro crasso ao querer me envolver nessa situação ao dizer que nos já temos provas que o senador fez algo de errado. Você tem alguma coisa a ver com isso. Promove algo no Ministério Público do Rio de Janeiro? Isso já mostra o que está na sua cabeça", rebateu Flávio.

Witzel é alvo de uma investigação conduzida pela Procuradoria-Geral da República a partir de informações obtidas em investigações do Ministério Público Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro.

A operação, batizada de Placebo, busca provas de um possível esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e "servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do estado do Rio de Janeiro", diz a Polícia Federal.

Um dos indícios contra o governador é o depoimento do ex-subsecretário da Secretaria de Saúde do Rio, Gabriell Neves, preso no início do mês pela Polícia Civil do Rio. Ele indicou que autoridades acima dele tinham ciência dos atos que assinou na secretaria, relativos ao combate à Covid-19. Ele é suspeito de fraudar a compra de respiradores.

Segundo a PGR, os envolvidos são investigados por peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

"A previsão orçamentária do estado era gastar R$ 835 milhões com os hospitais de campanha em um período de até seis meses. A suspeita é que parte desse valor teria como destino os próprios envolvidos", informou a procuradoria-geral.

O desvio de verbas seria feito por superfaturamento e subcontratação de empresas de fachada. O governador terá de prestar depoimento no inquérito.

Entre os elementos que serviram de suporte ao mandado de busca e apreensão estão o contrato de prestação de serviços e honorários advocatícios do escritório da primeira-dama com a empresa DPAD Serviços Diagnósticos, de Mário Peixoto, e comprovantes de transferência bancária entre as duas empresas.

Entre os elementos de provas apresentadas, há um email de 14 de abril de 2020, em que o braço direito de Mário Peixoto recebe do contador das empresas documentos relacionados a pagamentos para a esposa do governador.

Segundo o mandado de busca e apreensão, o MPF imputa indícios de participação ativa do governador quanto ao conhecimento e ao comando de contratações realizadas com as empresas investigadas.

Interceptações telefônicas e um ofício assinada pelo governador são apontados, no mandado de busca e apreensão, como indicativos de sua possível participação em irregularidades.

Witzel nega as irregularidades.

"Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o estado do Rio de Janeiro", disse o governador, em nota.

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