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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu hoje (1º) que não haja mudança na meta de inflação para este ano. Campos Neto participou de audiência virtual da Comissão Mista destinada a acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas ao coronavírus (covid-19).
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Na audiência, o deputado Felício Laterça (PSL-RJ) questionou se Campos Neto considerava que a meta de inflação seria cumprida este ano e se haveria necessidade de mudança. “Se eu acho que nós deveríamos mudar a meta? Não. Eu acho que, quando há um desvio temporário da meta por uma razão extraordinária, não deveria mudar a meta. A meta deveria ser mais estável do que isso”, respondeu.
Devido à pandemia de covid-19, a economia está em queda, com menor demanda por produtos e serviços. Com isso, a inflação diminui. Para as instituições financeiras, a inflação – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - neste ano deve ficar em 1,55%, abaixo do limite mínimo da meta, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e que deve ser perseguida pelo BC. A meta é 4%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.
O deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP) questionou se Campos Neto mantém a posição contrária à proposta de emissão de moeda para financiar os gastos do governo no combate à crise.
“Se for criada uma simetria de, quando a inflação estiver alta, subir os juros, e, quando a inflação estiver baixa, emitir moeda, provavelmente, na visão do mercado, a inflação vai ser sempre acima – vai criar um viés de alta de inflação”, respondeu Campos Neto.
Ele acrescentou que considera a inflação “o pior imposto” que o país já teve por concentrar a renda entre os mais ricos, que podem “indexar os seus rendimentos à inflação”. “Tivemos um período de hiperinflação, em que a classe alta não perdeu o poder aquisitivo; quem perdeu foi a classe baixa. Então, nós entendemos que a melhor política social é preservar o poder de compra da moeda”, disse.
Questionado sobre a falta de cédulas para o pagamento do auxílio emergencial, Campos Neto disse que o programa exige uma quantidade grande de dinheiro. Além disso, ele citou que houve entesouramento do dinheiro recentemente.
“Tivemos, nessa fase recente, um problema que a gente chama de entesouramento: as pessoas pegam o dinheiro em espécie e levam para casa porque nesse período de pandemia as pessoas têm dúvida: 'Ah, será que o banco vai estar aberto amanhã? Será que vai estar aberto depois? Se eu quiser pagar um serviço ou um delivery, alguma coisa que eu peça em casa, eu preciso ter dinheiro'".
Outro fator, acrescentou Campos Neto, é que as pessoas levaram o dinheiro para casa e gastaram aos poucos. “Muitas dessas pessoas não têm conta corrente, ou seja, o dinheiro não volta para o sistema. Então, quando foi feita essa contabilização, nós nos demos conta de que havia mais dinheiro que estava saindo e que não estava voltando para o sistema. Então, é um misto de um programa que foi muito grande, sem precedentes”, disse.
Campos Neto citou ainda que a Caixa Econômica utiliza de 25 bilhões a 26 bilhões de cédulas por ano, e foram utilizados quase 50 bilhões em um mês. Campos Neto acrescentou que o BC pediu à Casa da Moeda que antecipasse a produção de dinheiro programada para este ano. “Isso está sendo feito. Nessa última semana, o retorno das cédulas já melhorou”, disse.
Ele acrescentou que o BC trabalha com uma margem de segurança e por isso não há falta de dinheiro. “Não existe problema de falta de dinheiro em nenhum ATM [caixa de autoatendimento], em nenhum caixa, nem vai existir. O Banco Central trabalha com uma margem de segurança. Quando entendemos que a margem de segurança está ficando menor, nós alertamos os bancos para que tentem incentivar o retorno das cédulas”, afirmou.
Com informação: Agência Brasil