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BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - Com base em novos estudos que isolaram o novo coronavírus em pessoas infectadas assintomáticas, doentes leves e casos severos hospitalizados, a OMS (Organização Mundial da Saúde) mudou sua orientação sobre o prazo de isolamento.
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Segundo a líder técnica da organização, Maria van Kerkhove, a nova recomendação é de isolamento por dez dias para casos assintomáticos; doentes leves devem ficar isolados por ao menos dez dias, mais três dias depois que os sintomas desaparecerem.
Até então os prazos recomendados variavam de 7 a 14 dias.
Maria disse que, em novos estudos, o coronavírus foi isolado em até nove dias depois do início dos sintomas no caso de doentes leves. Nos hospitalizados, foi possível encontrar o vírus em até três semanas.
A líder técnica afirma que ainda não há evidência científica de que esses pacientes possam transmitir o coronavírus para outras pessoas, mas que as descobertas dão pistas importantes sobre o potencial de contágio.
Ela também esclareceu que há uma diferença importante entre isolar o vírus ou ter teste positivo para novo coronavírus (os testes conhecidos como PCR), porque esses testes detectam apenas fragmentos do microorganismo. "Há pacientes em que o teste pode dar positivo muitas semanas depois, mas isso não quer dizer que eles tenham se reinfectado ou estejam em fase contagiosa", disse ela.
A OMS também atualizou sua recomendação para o uso de máscaras tanto por profissionais de saúde quanto pelo público em geral.
Segundo Maria, o equipamento só é útil se for parte de um pacote maior, incluindo distanciamento físico, higiene e teste, tratamento dos doentes, rastreamento de contatos e isolamento dos suspeitos. Pessoas com sintomas não devem sair de casa, nem mesmo com máscaras, diz a líder técnica.
Para profissionais de saúde, a nova recomendação é que as máscaras sejam usadas durante todo o tempo em regiões onde há transmissão comunitária.
Para público em geral, ela deve ser usada também onde há transmissão comunitária sempre que não for possível manter distanciamento, segundo April Baller, técnica de prevenção e controle de infecções.
Maria afirmou que a OMS encomendou estudos há um mês para determinar como as máscaras poderiam ser feitas em casa, e as orientações são para que elas tenham três camadas, de materiais específicos: a camada interna deve ser de algodão ou algum tecido absorvente, a camada intermediária de um material que sirva de filtro, como polipropileno, e a camada externa de um material não absorvente, como poliéster ou uma mistura com poliéster.
Segundo Maria, as evidências são de que, combinadas, essas três camadas impedem a saída de gotas de saliva que poderiam infectar outras pessoas. "As novas pesquisas mostram que é possível usar máscaras feitas em casa que de fato funcionam como barreiras", disse ela.
A OMS também afirmou que vai prosseguir com os experimentos com hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, embora o Reino Unido tenha anunciado nesta quinta (4) que abandonaria o medicamento, após constatar que ele não era efetivo para recuperar os doentes.
Segundo a cientista-chefe da organização, Soumya Swaminathan, embora semelhantes no desenho e nos cuidados científicos, os estudos feitos pela OMS e pelos britânicos são independentes e o avanço do conhecimento sobre a doença exige que muitas pesquisas sejam feitas.
Soumya disse também que a OMS desistiu de fazer experimentos com a cloroquina. A droga havia sido pré-selecionada para os estudos clínicos, mas pesquisas prévias mostraram que a hidroxicloroquina tinha mais potencial.