Grupos marcam novos atos contra Bolsonaro e querem mobilização longa

As pautas serão, mais uma vez, um misto de crítica a Bolsonaro, defesa dos pilares democráticos, apoio à causa antirracista e desagravo ao SUS.

© Getty

Brasil BOLSONARO-PROTESTOS 09/06/20 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Organizações que puxaram os protestos deste fim de semana contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiram convocar novos atos para o próximo domingo (14) em várias cidades e já planejam uma mobilização duradoura.

PUB

O movimento Somos Democracia, que reúne integrantes de torcidas organizadas de times de futebol, o MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) e a Central de Movimentos Populares (CMP) confirmaram nesta segunda-feira (8) a realização de novas manifestações.

"Nosso objetivo é mostrar que a maioria da população está contra as políticas assassinas do governo e as ameaças de ruptura com a democracia. A gente não sabe dizer quando a gente vai parar essas manifestações", diz Danilo Pássaro, membro da Gaviões da Fiel, do Corinthians, e um dos mobilizadores.

A decisão foi tomada apesar das críticas à formação de aglomerações em plena pandemia da Covid-19, o que contraria as orientações médicas de só romper as normas de distanciamento social em caso de extrema necessidade.

Os organizadores dizem que valerá novamente o pedido aos participantes para usar máscara, levar álcool em gel e tentar manter distanciamento.

As pautas serão, mais uma vez, um misto de crítica a Bolsonaro, defesa dos pilares democráticos, apoio à causa antirracista e desagravo ao SUS. Diferentes movimentos estão por trás das convocações, incluindo os grupos que se denominam antifascistas, coletivos independentes e núcleos partidários.

"O ideal é manter as manifestações até conseguirmos afastar o presidente Jair Bolsonaro, pelos crimes cometidos contra a vida, a saúde do povo e a ordem democrática", afirma Raimundo Bonfim, da CMP, entidade que compõe a Frente Brasil Popular.

Em São Paulo, a nova manifestação foi marcada para a avenida Paulista, em frente ao Masp, a partir das 14h. A opção pelo local foi tema de uma série de discussões na semana passada que culminaram com uma decisão judicial que impediu o uso da via, ao mesmo tempo, por apoiadores e críticos do governo.

A preocupação do governo João Doria (PSDB) e da Polícia Militar de São Paulo era a repetição do conflito ocorrido no domingo anterior (31), quando houve briga de pessoas que marchavam de lados opostos. A PM interveio na confusão e usou bombas de gás para dispersar participantes.

Manifestantes que empunhavam cartazes em defesa da democracia reclamaram da ação da corporação e apontaram excessos. A maioria deles, na ocasião, era ligada a torcidas organizadas dos quatro principais clubes do estado (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo).

Em São Paulo, o ato neste domingo se concentrou no largo da Batata, em Pinheiros (zona oeste). O chamado também teve a participação de coletivos do movimento negro –que enfatizaram a bandeira antirracista, em alinhamento aos protestos que eclodiram nos Estados Unidos– e de outras entidades.

O ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL), coordenador da Frente Povo sem Medo, também encampou a convocação. Ele descreveu a mobilização como histórica e afirmou em uma rede social que, com ela, "começou uma caminhada que vai derrotar Bolsonaro".

"O desenvolvimento desse processo, o que vai acontecer nas próximas semanas, ainda não dá para saber, sobretudo por causa da pandemia", diz Boulos à reportagem, ressaltando que o principal resultado colhido até agora foi a quebra do monopólio do bolsonarismo sobre o asfalto.

"O bolsonarismo já era minoria na sociedade, e agora é também minoria nas ruas. Isso é muito importante. As manifestações pela democracia e contra o Bolsonaro foram muito maiores do que aquelas em defesa do governo."Para ele, "a grande potência" dos eventos consistiu em reunir uma diversidade de perfis, "com torcedores organizados, movimento negro, movimentos sociais, jovens, estudantes, sem-teto, professores".

A frente liderada por ele ainda debaterá a adesão ao novo ato, mas a tendência é que isso ocorra. "O Somos Democracia, dos torcedores organizados, já puxou um evento. O MTST com certeza estará lá", diz.

Ele, que também é pré-candidato a prefeito da capital paulista pelo PSOL, reitera a recomendação de que pessoas de grupos de risco evitem se somar às passeatas e afirma que "todos os cuidados sanitários" continuarão a ser respeitados.

Neste domingo, entretanto, a maior parte das pessoas no largo da Batata se reuniu em pequenos grupos, ignorando os apelos feitos no carro de som para que os manifestantes se posicionassem sobre marcas no chão que indicavam a distância mínima necessária, de 1 m.

O PSOL e o PT aderiram à causa ao longo da semana e declararam apoio aos atos de rua, enquanto um grupo de outros cinco partidos (PSB, PDT, Cidadania, Rede e PSD) publicou um comunicado conjunto pedindo que as pessoas não compareçam a manifestações neste momento em função do coronavírus.

Líderes dos recém-criados manifestos da sociedade civil que se contrapõem a Bolsonaro e pregam a defesa da democracia também optaram por desestimular atos presenciais neste momento de disseminação do vírus.

Os grupos Estamos Juntos e Basta!, que reúnem representantes da sociedade civil, artistas, intelectuais e políticos de diferentes ideologias, têm concentrado esforços no ativismo virtual.Segundo o porta-voz do movimento Somos Democracia, o objetivo é ampliar no próximo fim de semana o número de cidades com atos. Pássaro diz que 14 estados registraram manifestações, mas o engajamento tende a crescer agora porque "a maioria dos protestos ocorreu pacificamente"."Vamos novamente para as ruas em defesa da democracia, contra o racismo e o fascismo", resume ele.

Organizadores buscaram minimizar episódios de tensão que foram registrados, no encerramento do protesto em São Paulo (onde a PM usou bombas para dispersar um grupo que permanecia nas ruas após o fim oficial do ato) e em Belém (onde 112 pessoas foram detidas por formarem aglomeração).

Os casos foram tratados como episódios isolados. Sobre o ocorrido em Pinheiros, Pássaro diz que já tinha saído da região na hora do incidente. "Foi injustificável a forma como a polícia tratou aquelas pessoas. Eram grupos pequenos", afirma.

O presidente reagiu nesta segunda às manifestações de seus detratores e as classificou como "o grande problema do momento"."O grande problema do momento é isso que vocês estão vendo aí um pouco na rua ontem, estão começando a colocar as mangas de fora", disse Bolsonaro a apoiadores.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Cazaquistão Há 4 Horas

Avião com 72 pessoas a bordo cai no Cazaquistão; há sobreviventes

fama Escândalo Há 22 Horas

Espero que a acusação possa ajudar outras vítimas de retaliação, diz Blake Lively

esporte Futebol Há 21 Horas

Libertadores 2025 confirma todos os times e potes após definição na Colômbia

fama Nicole Bahls 24/12/24

'Não me sinto confortável', diz Nicole Bahls sobre ser mãe

fama Música Há 5 Horas

Hit natalino de Mariah Carey entra na 17ª semana em primeiro na Billboard

brasil Tragédia Há 20 Horas

Queda de ponte: 76 toneladas de ácido sulfúrico caíram no Rio Tocantins, diz ANA

fama Lgtbq+ Há 21 Horas

Desafiaram as Regras: Famosos LGBTQ+ que se assumiram com coragem

fama Natal Há 18 Horas

Veja as receitas que os famosos preparam no Natal

fama Relacionamento Há 23 Horas

Rumores apontam separação de Lilly Allen e David Harbour

fama Festas Há 4 Horas

Cachorro de Anitta some na noite de Natal: 'ainda vai me matar do coração'