©  Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas
As contratações no primeiro quadrimestre cresceram 0,5% na indústria de alimentos em relação ao mesmo período de 2019. De acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), o setor foi responsável pela criação de oito mil empregos de janeiro a abril deste ano. Por ser atividade essencial, a indústria de alimentos continuou a produzir durante a quarentena provocada pela pandemia da covid-19.
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Para manter o funcionamento, as empresas implementaram medidas de segurança e prevenção nas fábricas e o isolamento social de profissionais do grupo de risco, resultando na criação de novas vagas.
“No início do ano, antes da pandemia, as perspectivas da indústria de alimentos e bebidas acompanhavam a dinâmica da economia brasileira, que era de alta de 2,2% do PIB, de acordo com o Banco Central. Com o impacto do novo coronavírus [covid-19] o cenário mudou. O setor teve que, de forma imediata, implementar medidas de segurança e prevenção nas fábricas. Não é possível, ainda, fazer uma projeção confiável para o ano”, disse o presidente executivo da Abia, João Dornellas.
As exportações de alimentos industrializados, segundo a Abia, tiveram alta de 10% em relação a abril de 2019, e em volume, de 13%. O aumento das exportações para o mercado asiático, em particular a China, foi o principal fator para o resultado.
“A alta das exportações brasileiras de alimentos industrializados já era esperada, mesmo com a pandemia do novo coronavírus. O mercado asiático ainda sofre com a crise sanitária de Peste Suína Africana e tem importado cada vez mais carne suína e carne de frango do Brasil. O Brasil é o segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo em volume, e a indústria brasileira de alimentos, por ser considerada atividade essencial, não parou de produzir durante a pandemia, tendo honrado todos os seus compromissos com os países importadores”, disse Dornellas.
Já as vendas reais, que são o total de vendas da indústria de alimentos e bebidas para os mercados interno e internacional, apresentaram queda de 4,5% em relação a abril de 2019. A produção física [volume produzido pela indústria para atender o mercado interno e as exportações] teve o mesmo comportamento de queda de 4% em abril.
Para este ano, as perspectivas para a produção física eram positivas, “estimuladas pelo comportamento do consumo no mercado interno e pelo aumento das exportações”, disse Dornellas. Mas, com a implementação da quarentena em todo o Brasil, hotéis, bares, restaurantes, lanchonetes e serviços de catering tiveram seus serviços interrompidos, enquanto padarias e outros serviços de alimentação foram parcialmente afetados.
“Esse processo exigiu ajustes na cadeia produtiva de alimentos, o que explica essa queda da produção física em abril. Vale ressaltar que no acumulado do ano, a produção física da indústria de alimentos e bebidas está estável”, disse o executivo da Abia.
A pandemia impactou o canal de Food Service (FS), produtos alimentícios industrializados para o mercado de alimentação preparada fora do lar, o que influenciou os resultados em vendas e em volume de produção da indústria de alimentos e bebidas. O canal de FS é amplo, formado por restaurantes, bares, lanchonetes, padarias, setor hoteleiro, serviços de catering e vending machines, entre outros serviços. Em abril, a queda média das vendas deste canal ficou em aproximadamente 75% ante o mesmo mês de 2019.
Esse comportamento de queda nas vendas e na produção de todo o setor não necessariamente significa uma tendência para o ano. O volume de vendas dos supermercados e hipermercados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou alta de 5,8% em abril de 2020 ante o mesmo período de 2019.
“Trata-se de um processo de ajuste na produção e no consumo de alimentos devido à pandemia de covid-19. Quando o comércio estiver em plena atividade e todos os serviços voltarem a funcionar, deve haver uma recuperação. Todavia, ainda é cedo para definirmos um cenário com precisão devido às incertezas associadas ao novo coronavírus”, explicou o presidente executivo da Abia.
De acordo com a Abia, a indústria alimentícia do Brasil reforçou suas ações de responsabilidade social, apoiando a sociedade no enfrentamento à covid-19. As indústrias de alimentos e bebidas doaram mais de 2.700 toneladas de alimentos, além de recursos financeiros para compras de equipamentos hospitalares, investimento em pesquisas e aquisição de testes rápidos de novo coronavírus, informou a Abri.
O setor também doou cerca de 4 milhões de máscaras de proteção, além de produtos de limpeza e higiene.
As doações foram distribuídas entre instituições beneficentes, hospitais e unidades de saúde, profissionais autônomos, associações de comunidades, lares de idosos, governos estaduais e prefeituras.
Com informação: Agência Brasil