Suspeito de matar Guilherme é indiciado por homicídio qualificado

O policial ficou calado durante o depoimento, de acordo com sua defesa. Ele está preso desde 17 de junho.

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Justiça POLÍCIA-SP 09/07/20 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O sargento da Polícia Militar Adriano Fernandes de Campos, 41, suspeito de envolvimento na morte de Guilherme Silva Guedes, 15, foi indiciado por homicídio qualificado, logo após prestar depoimento, no início da tarde desta quinta-feira (9), no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). O policial ficou calado durante o depoimento, de acordo com sua defesa. Ele está preso desde 17 de junho.

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Fábio Pinheiro, diretor do DHPP, já havia antecipado à reportagem que o sargento seria indiciado pelo crime, no momento em que fosse levado para falar no departamento de homicídios. De acordo com o delegado Rodolpho Chiarelli, também do DHPP, Campos agora responde por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima). O PM alega inocência, segundo seus advogados de defesa.

Além do sargento, a polícia diz ter identificado o ex-soldado da Polícia Militar Gilberto Eric Rodrigues, 32, como o segundo suspeito da morte do adolescente. O jovem foi morto com ao menos dois tiros, no último dia 14, em Americanópolis (zona sul de São Paulo). O Agora não localizou a defesa do ex-PM. Segundo a Polícia Civil, nenhum advogado se apresentou como defensor do suspeito até a publicação desta reportagem.

O ex-PM fugiu do presídio militar Romão Gomes em 2015. Ele estava preso por suposta participação em outro assassinato, ocorrido dois anos antes. Ele trabalhava no 37º Batalhão da PM, na zona sul.

ARMAS

Sete pistolas pertencentes a policiais militares foram entregues ao DHPP, no último dia 17, incluindo duas armas pertencentes ao sargento Adriano Fernandes de Campos. Segundo laudo do Instituto de Criminalística, ao qual a reportagem teve acesso nesta quinta-feira, os tiros que mataram o adolescente não foram disparados pela arma do policial.

O DHPP ainda investiga de qual arma teriam saído os disparos que mataram o jovem.

O advogado de defesa do sargento Campos, Renato Soares do Nascimento, afirmou que seu cliente quer prestar depoimento ao DHPP, porém somente após todas as testemunhas do caso serem ouvidas e os laudos foram entregues ao departamento.

"O mais importante é que as armas dele [sargento] foram apreendidas, periciadas, e o resultado foi que o projétil retirado do corpo do Guilherme não saiu de nenhuma delas. Esta é uma prova extremamente importante para o curso da investigação e para provar que ele não matou o garoto", afirmou Nascimento.

Sobre o indiciamento por homicídio duplamente qualificado, o defensor afirmou "ter experiência" em casos em que "há clamor popular". "Isso [indiciamento] faz parte da investigação. Respeitamos o trabalho do DHPP, um órgão seríssimo, mas divergimos sobre a acusação de que o Adriano participou do crime."A defesa aguarda o resultado de um laudo relacionado à coleta de materiais feitas no carro do PM preso, onde uma suposta mancha de sangue teria sido encontrada.

O CASO

O adolescente Guilherme Silva Guedes foi morto com ao menos dois tiros na cabeça após ser abordado por dois suspeitos armados em Americanópolis quando estava em frente à casa da avó materna. A informação consta em um laudo necroscópico entregue por peritos no último dia 26 ao DHPP.

O adolescente teria sido confundido com uma pessoa que invadiu um galpão onde uma empresa do sargento é responsável pela segurança.

O corpo dele foi encontrado, por volta das 9h30 de 14 de junho no limite entre a zona sul de São Paulo e Diadema (ABC) com tiros na cabeça. Ele, no entanto, teria sido morto em outro local, antes de seu corpo ser abandonado no terreno onde foi localizado.

Segundo registrado pelo DHPP, o corpo do adolescente estava calçado somente com meias brancas. "Vale consignar que o solado das meias brancas que a vítima calçava estavam parcialmente limpos, apesar de o corpo ter sido encontrado em uma região de terra, valendo consignar também que seu par de tênis não foi encontrado", diz trecho do documento policial.

Ainda de acordo com o departamento de homicídios, nenhum projétil de arma de fogo foi encontrado perto do cadáver, indicando que ele teria sido morto em outra região.

A morte do garoto provocou dois dias de protestos em Americanópolis, com ônibus queimados e vandalizados, um comércio foi furtado.

Vídeos com imagens de policiais militares agredindo moradores da Vila Clara, que fica na região, foram divulgados nas redes sociais. Segundo pessoas que moram no bairro, as imagens foram gravadas na noite de segunda-feira, após a primeira onda de protestos.

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