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A decisão do governo brasileiro de cortar o financiamento para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode prejudicar a qualidade dos ativos da instituição no curto prazo, mas também pode resultar em uma diminuição do risco de crédito no longo prazo, conforme o BNDES reduza o financiamento direto que fornece ao setor corporativo. A avaliação é da agência de classificação de risco Moody's.
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"A mudança política, que faz parte da estratégia de aperto fiscal do governo, também pode estimular o crescimento para os bancos privados", comentou Alexandre Albuquerque, vice-presidente associado da Moody's, acrescentando que "conforme o crescimento dos empréstimos do BNDES desacelere, a instituição poderá focar mais no desenvolvimento do mercado de crédito do Brasil, ao invés de agir como credor direto".
Com a mudança de papel, as empresas que tinham anteriormente se beneficiado de financiamentos de baixo custo do BNDES terão que se voltar aos bancos privados, afirma a agência.
"Como muitos desses mutuários estão em indústrias que são sensíveis à crise econômica do Brasil, a inadimplência no balanço do BNDES pode subir no curto prazo, enquanto o mercado se adapta à nova estratégia", comenta a Moody's. "No entanto, o declínio no crescimento também irá diminuir a demanda sobre o balanço do BNDES no longo prazo, eventualmente reforçando seu perfil de crédito", complementa, afirmando que, como o banco deixará de ser o agente de programas governamentais de concessão de empréstimos altamente subsidiados (cujos custos têm se tornado um fardo fiscal), o equilíbrio de suas contas também deve melhorar.
Com a menor influência do BNDES no mercado, a tendência seria de aumento da participação dos bancos privados e a redução de distorções. Ao mesmo tempo, conclui a Moody's, os bancos poderiam incrementar suas receitas com serviços ao intermediar a venda de dívida privada, o que poderia desenvolver o mercado de capitais brasileiros. Com informações do Estadão Conteúdo.