Justiça autoriza PM a recolher arma da cena do crime

A resolução 40 da SSP estabelece que, em caso de homicídio tanto de agentes quanto de civis, durante uma ocorrência, os policiais devem preservar o local do crime até a chegada do delegado

© Shutterstock

Justiça Segurança Pública 15/07/20 POR Estadao Conteudo

O Tribunal de Justiça Militar de São Paulo concedeu habeas corpus coletivo permitindo que oficiais da PMs ignorem medida da Secretaria da Segurança Pública e apreendam armas e objetos em ocorrências com morte de civis. A decisão provocou reação de entidades da Polícia Civil, que veem tentativa de "usurpar suas atribuições legais" e dificultar investigação de casos. O Ministério Público de São Paulo recorreu da decisão.

PUB

A sentença do juiz militar Ronaldo João Roth, da 1ª Auditoria Militar, foi assinada no dia 8 e acata pedido de uma associação de oficiais, a Defenda PM -, que, entre suas funções, advoga para agentes envolvidos em mortes decorrentes de intervenção policial. Na decisão, o magistrado considera "inconstitucional" ato do governo de São Paulo, de 2015, cujos objetivos incluem controlar a letalidade das corporações.

A resolução 40 da SSP estabelece que, em caso de homicídio tanto de agentes quanto de civis, durante uma ocorrência, os policiais devem preservar o local do crime até a chegada do delegado e "providenciar para que não se alterem o estado e conservação das coisas para a realização de perícia". O fato também deve ser comunicado imediatamente aos comandantes de área, à Corregedoria e ao Ministério Público estadual.

diretriz foi estabelecida por Alexandre de Moraes, então secretário da Segurança Pública de Estado, no governo Geraldo Alckmin (PSDB). Hoje, Moraes é ministro do Supremo Tribunal Federal.

Em abril, já no governo João Doria (PSDB), a Polícia Militar de São Paulo atingiu patamar recorde de mortes durante operações desde o início da série histórica, em 2001 - foram 116 casos. O índice voltou a subir no mês, com 71 novas ocorrências. Esses casos são investigados tanto pela Polícia Civil quanto pela PM, através de inquérito militar.

Em junho, despacho do subcomandante-geral da corporação, o coronel Marcus Vinícius Valério, determinou que os oficiais da PMs obedecessem a norma da SSP, limitando-se a preservar o local do crime. Caso contrário, poderiam responder por crime funcional.

Ao analisar o pedido de habeas corpus, Roth avaliou que, aplicada a inquéritos militares, a Resolução 40 seria "inconstitucional", "abusiva" e colocaria os PMs sob "constrangimento ilegal". Segundo argumenta na decisão, o Código de Processo Penal Militar prevê apreensão de "instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato", não sendo possível, portanto, cumprir a legislação militar, o despacho e a norma da SSP ao mesmo tempo.

Roth também cita o art. 144 da Constituição Federal. "Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares", diz o parágrafo 4.º.

Pela legislação brasileira, os crimes praticados contra a vida devem ser julgados pela Justiça comum, mesmo se o autor for militar. A exceção é para membros das Forças Armadas que se envolvam em ocorrência com morte durante ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Entretanto, Roth afirma na decisão que, "à luz da Constituição Federal", a Polícia Civil "não pode apurar crime militar, como ocorre com os casos de homicídio doloso contra civil quando praticado por policial militar".

‘Usurpação’

A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp) entrou na sexta-feira com três ações contra a sentença, pedindo a revogação do habeas corpus e questionando a competência técnica do TJM-SP para decidir sobre o tema. Nenhum pedido foi julgado até o momento.

"Temos visto, por parte de alguns grupos, investidas constantes no sentido de usurpar atribuições da Polícia Civil", afirma o delegado Gustavo Mesquita, presidente da entidade. Para Mesquita, "salta aos olhos" que a decisão aconteça em "momento de uma escalada constante de casos de violência envolvendo policiais militares". A investigação, diz ele, "deve ser feita por órgão isento, imparcial e técnico, que é a Polícia Civil. E não só pelos próprios pares."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

economia Dinheiro Há 7 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

mundo Estados Unidos Há 8 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Patrick Swayze Há 21 Horas

Atriz relembra cena de sexo com Patrick Swayze: "Ele estava bêbado"

brasil Tragédia Há 8 Horas

Vereador gravou vídeo na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira pouco antes de desabamento

fama Mal de parkinson Há 23 Horas

Famosos que sofrem da doença de Parkinson

fama Emergência Médica Há 8 Horas

Gusttavo Lima permanece internado e sem previsão de alta, diz assessoria

brasil Tragédia Há 7 Horas

Mãe de dono da aeronave que caiu em Gramado morreu em acidente com avião da família há 14 anos

tech Aplicativo Há 7 Horas

WhatsApp abandona celulares Android antigos no dia 1 de janeiro

fama Condenados Há 16 Horas

Famosos que estão na prisão (alguns em prisão perpétua)

justica Minas Gerais Há 7 Horas

Motociclista tenta fugir de blitz e leva paulada de policiais; vídeo