Filas são registradas no primeiro dia da reabertura de shoppings

O horário permitido é das 12h às 20h. A retomada não vale nos bairros onde há medidas mais restritivas para conter o avanço da covid-19

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Brasil Salvador 25/07/20 POR Estadao Conteudo

Após 132 dias fechados por causa da pandemia do novo coronavírus, shopping centers abriram as portas em Salvador ao meio-dia desta sexta-feira, 24, causando filas na entrada dos centros comerciais, e levando parte dos visitantes às compras. De Smart TV a sapatos e tábua para passar roupa, muitas pessoas aproveitaram o primeiro dia de retorno das atividades para garantir as ofertas.

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A fase 1 da retomada das atividades econômicas da capital baiana foi autorizada pelo decreto municipal de nº 32.610 (23/07/2020) e prevê a reabertura de shoppings, centros comerciais, lojas de rua com mais de 200 metros quadrados e templos religiosos, obedecendo 40 medidas em protocolos de segurança específicos. O horário permitido é das 12h às 20h. A retomada não vale nos bairros onde há medidas mais restritivas para conter o avanço da covid-19.

De acordo com o secretário de Saúde do município, Léo Prates, a cidade atingiu o platô e está caminhando para a queda de casos. Um dos principais critérios adotados pela prefeitura para esta reabertura foi o da taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) na cidade, que chegou a 73% na quinta-feira e fechou esta sexta em 71%, como informou Prates ao Estadão.

De acordo com os últimos dados informados pela Prefeitura de Salvador no início da noite desta sexta, são 50.790 casos de covid-19 na capital e um total de 1.630 mortes em decorrência da doença.

"Todos os nossos indicadores apontam para a reabertura. Saímos do platô e estamos indo para a queda. Além da taxa de ocupação de UTIs, que chegou hoje a 71%, Salvador representa, hoje, em todo o estado da Bahia, 36% dos casos totais. Esse índice já foi de 70%. Além disso, nosso fator R, que é o número de pessoas que um infectado pode infectar, está abaixo de 1", afirmou.

Um leve aumento da taxa de ocupação de leitos de UTI deve ser sentido nos próximos dias em decorrência da abertura, prevê a prefeitura. "A nossa expectativa, como ocorreu em outros locais onde abriu, é de um leve crescimento que pode chegar a 74%. Mas a nossa taxa de segurança é de 80%. Se chegar a isso, fecha tudo novamente."

Consumo

O maior impacto da reabertura do comércio será sentido pelos shoppings, já que lojas de rua com menos de 200 metros quadrados estavam abertas há um mês.

Dois dos maiores shoppings da capital criaram condições para aferir a temperatura dos clientes na entrada, além da instalação de totens de álcool em gel e diversas informações explicativas nas portas das lojas, entre as quais, a regra de que não pode haver aglomeração. Só pode circular no estabelecimento um cliente por cada cinco metros quadrados. O que nem todas cumpriram. A reportagem flagrou uma filial das Casas Bahia de um shopping da cidade com aglomeração interna. De lá saiu consumidor carregando Smart TV de 50 polegadas comprada por um preço atrativo, segundo a cliente Carol Ferreira, que ouviu dizer que o shopping estava aberto e correu para lá com o tio e a tia para a compra do aparelho. "Estava muito mais barato. Viemos e compramos", disse a estudante, que preferiu não ser fotografada.

Apesar da euforia das horas iniciais, o movimento foi tranquilo nos três maiores shoppings de Salvador durante a maior parte do tempo. Em todas as lojas, funcionários com máscaras e protetor visual. Para entrar em cada loja é necessária a higienização com álcool em gel.

Mariana Marques, de 21 anos, saiu para comprar uma tábua de passar roupa. "Soube que abriu. Comprei barato na loja, por R$ 80. Estava precisando. Estou com neném em casa e as costas doem, precisava da tábua", justificou.

O Shopping da Bahia informou que o movimento foi adequado e dentro do esperado, revelando a relação de proximidade do empreendimento com a cidade. "Nós entendemos que o momento é de reconexão, reaprendizado e que, aos poucos, e com segurança, voltaremos ao patamar anterior ao fechamento".

Já o grupo JCPM, que administra os shoppings Salvador e Salvador Norte informou que o movimento foi dentro do esperado nos dois centros comerciais: "cerca de 40% de uma sexta-feira normal", de acordo com Fernando Rocha, diretor regional de operações BA/SE do grupo. A expectativa para o fim de semana é de 40% a 45% de um fluxo normal.

"Estamos voltando após um período totalmente atípico, com características que nunca foram vivenciadas por nós. Então, temos consciência de que esta é uma retomada gradual e isso é importante para a segurança de todos. Esperamos que se estabilize em cerca de 50% do fluxo anterior nas próximas semanas", explicou Rocha.

O diretor informa, ainda, que nas praças onde o Grupo JCPM já retomou as atividades, como Fortaleza e Recife, foi notado um perfil de consumidor mais objetivo. Vai ao shopping para comprar o que precisa e retorna para a casa. "Ou seja, deve se manter um fluxo abaixo do normal, mas com uma conversão de vendas boa".

Prejuízo

A expectativa do setor comercial é de aliviar os prejuízos causados por quatro meses de estabelecimentos fechados. "Nós nos preparamos para isso. Visitei os grandes shoppings e vi que todos estão seguindo todos os protocolos de segurança. Eu estou estimando que teremos no mês de agosto, entre 30% a 40% do consumo que tivemos no mesmo período de 2019", diz Carlos Andrade, presidente da Federação do Comércio da Bahia (Fecomércio-Ba).

A expectativa é a de que, dando tudo certo, com os casos de covid-19 em queda e a reabertura progressiva das atividades econômicas, dezembro chegue próximo ao patamar de vendas alcançado em dezembro de 2019.

Perguntado se não teme um aumento de casos e o retorno do fechamento, Andrade se diz "otimista": "Eu prefiro não acreditar em segunda onda. Vamos ser precavidos e não vamos pensar o pior. Prefiro ser otimista".

Em balanço apresentado nesta sexta-feira, mesmo dia da reabertura do setor na Capital, a Fecomercio-BA previa queda de prejuízo. A entidade estimava um déficit médio diário de R$ 108 milhões ao longo da pandemia. O cálculo foi revisado para R$ 87 milhões a partir do impacto do auxílio emergencial, que injetou na microeconomia do Estado cerca de R$ 3,6 bilhões, beneficiando 5 milhões de pessoas.

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