© Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o procurador-Geral da República, Augusto Aras, tem legitimidade para fazer críticas à Lava Jato e afirmou ver excessos em algumas investigações, sem citar exemplos. "Acho que o procurador tem muito mais informações do que nós temos para fazer a crítica e o alerta", disse Maia em entrevista ao programa de rádio Manhã Bandeirantes, nesta quarta-feira, 29. "Está se fazendo buscas e apreensões de coisas de 2010 em 2020. Coisas que geram apenas constrangimento, na linha até do que o doutor Aras falou de criar uma criminalização generalizada da política, tirar as condições da política e do próprio Supremo."
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Para Maia, a impressão que se tem é que, "muitas vezes", o Ministério Público "não gosta de ser fiscalizado". "A crítica que eu faço é [a seguinte:] o Ministério Público é um órgão fundamental para nosso País. Mas a impressão que me dá é que não gostam de ser fiscalizados muitas vezes. Eu não vejo como funciona o sistema de controle no momento em que o procurador-geral, que é o responsável por todos os MPs, não deve, na opinião deles, ter acesso a informações", afirmou na entrevista ao apresentador José Luiz Datena.
Caberá a Aras decidir se denuncia ou não o presidente da Câmara em investigação baseada em delações de executivos da empreiteira Odebrecht sobre pagamento de propinas. Em agosto do ano passado, a Polícia Federal atribuiu a Maia os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, e caixa 2.
Aras afirmou na noite de terça-feira, 28, que "é hora de corrigir os rumos para que o 'lavajatismo' não perdure". Segundo o chefe do Ministério Público Federal, tal "correção de desvios", no entanto, não significa redução do empenho no combate à corrupção. "Espero que o enfrentamento à 'macrocriminalidade', especialmente naquela corrupção relativa a grandes capitais continue a se fazer do mesmo modo, mas no universo dos limites da Constituição e das leis. O 'lavajatismo', há de passar", afirmou em live do Grupo Prerrogativas.
Em junho, a PGR solicitou dados das forças-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Rio e Brasília. A diligência da subprocuradora Lindôra Maria Araújo, nome de confiança de Aras, para busca de informações da força-tarefa da operação em Curitiba abriu uma crise e provocou pedido de demissão de procuradores.
No início de julho, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, determinou às forças-tarefa que apresentem dados e informações da operação à Procuradoria-Geral da República.
A fala de Aras nesta terça, 28, provocou reações. Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, afirmou na manhã desta quarta, 29, que "desconhece segredos ilícitos" da operação que comandou por mais de quatro anos, destacando que a mesma "sempre foi transparente" e teve decisões confirmadas por tribunais superiores.