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Citada na Lava Jato, a construtora do Grupo Odebrecht deve ver o volume de suas receitas geradas no Brasil cair em 2016 pela primeira vez em quatro anos, provocando redução para 15% da participação do País em seu faturamento anual. Em 2015, a previsão é de que a fatia brasileira nas receitas recue para 18%, de 27% no ano passado. "Temos dificuldade em medir o impacto da Lava Jato, porque não tem havido novas oportunidades no Brasil", justificou Marco Rabello, diretor financeiro da Construtora Norberto Odebrecht, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
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Ele atribui a contração estimada no ano que vem à paralisa nas novas obras de infraestrutura e concessões em 2015, a qual pesou no backlog (carteira de projetos) da companhia. "Estamos consumindo backlog este ano por falta de novas oportunidades no País", comentou. O backlog global da OEC cedeu de US$ 33,9 bilhões no ano passado para US$ 32 bilhões em junho deste ano, podendo ficar nesse patamar ou recuar até US$ 30 bilhões.
Para recompor o backlog, o executivo remete aos leilões de energia, especialmente eólica, do ano que vem, e iniciativas como a expansão para um novo país na América Latina e outro na África, além de novas obras em países onde já atua, como Panamá e Equador, onde alguns de seus contratos estão sendo auditados. "Vemos um movimento no exterior que ajuda a minimizar a redução de obras no Brasil, em países como Panamá, Peru, México, Equador e Angola onde as oportunidades são positivas". Mas, pondera, que a busca de novos países não é uma compensação e que a estratégia é manter participação relevante no Brasil.
A expansão para outros países, no entanto, já se depara com investigações. Após a prisão em junho de Marcelo Odebrecht, presidente do grupo, a controladoria geral do Panamá abriu investigação no contrato da linha 1 do Metrô da capital do país, por suspeita de suborno. O Equador determinou auditorias sobre todos os contratos da Odebrecht com o governo do país e também que se investiguem os funcionários do país que trataram com a companhia brasileira. A Odebrecht diz que ambas auditorias estão relacionadas a controles internos e regulares e que contribui com as investigações.
"No ano que vem, pela primeira vez, deve haver mudança na participação do Brasil também por patamar de volume de receitas, em razão da falta de oportunidades", disse. Segundo ele, as receitas vêm um ou dois anos depois da assinatura dos contratos e, como este ano não houve geração, 2016 deve ser um ano de "barriga" na curva das receitas. "Anualmente, o volume financeiro gerado pelo Brasil tem sido de R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões, apesar da queda na participação do País no faturamento total, mas em 2016 isso vai ser menor", acrescentou.
A fatia de Brasil no faturamento da Odebrecht recuou de 45% em 2011 para 27% em 2014, em grande parte como consequência do crescimento da atividade da construtora no exterior de acordo com o executivo. Este ano, a projeção é de que essa participação caia para 18%, com influência adicional da apreciação do dólar. A OEC estima fechar 2015 com faturamento de R$ 40 bilhões, superando os R$ 33 bilhões em 2014 também por efeito do câmbio. As premissas embutem um câmbio médio de R$ 3,35 por dólar.
Rabello considera que a Lava Jato não comprometeu a relação da construtora com agentes financeiros e com governos, citando contratos assinados recentemente no México e no Equador, em obras financiadas pelo Banco Mundial, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
Localmente, ele diz que "todas as obras em andamento no País correm normalmente", incluindo aquelas que exigem contratações de aditivos. O executivo afirmou ainda que a exposição da construtora à Petrobras foi reduzida e atualmente é mínima, de apenas 0,2% do total da carteira. "Temos comunicado todas as nossas ações relacionadas à Lava Jato e a compliance, o que nos tem ajudado na relação com o mercado", ressaltou.
Rabello citou ainda a reafirmação em 12 de novembro do rating da companhia pela agência de classificação de risco Standard & Poor's em BBB- na escala global, um nível acima da nota do Brasil (BB+). O rating havia sido colocado em observação quando o Brasil perdeu o grau de investimento. Foi removido da observação e colocado em perspectiva negativa, assim como o de outras construtoras, pontua o executivo.
A liquidez, que em junho carregava R$ 12 bilhões em caixa, e a manutenção do ritmo de geração de novos contratos, asseguraram a manutenção do grau de investimento pela agência. Os maiores vencimentos da companhia, basicamente 95% em dólar, estão concentrados em 2025. A OEC é grau de investimento pelas três agências de rating.
Contratos
As principais obras tocadas atualmente pela construtora no País são as das Olimpíadas e, de acordo com Rabello, em 2016 a OEC estará envolvida na produção de contratos antigos como a linha 6 do metro de São Paulo, a rodovia 163, o aeroporto do Galeão, citando as maiores.
Lá fora, o contrato mais recente foi assinado em 12 de novembro no México, pela Odebrecht Infraestrutura com a Pemex Transformación Industrial, para obras que integram o projeto de ampliação da Refinaria Miguel Hidalgo, orçada em US$ 115 milhões. Ainda em novembro, a Odebrecht Infraestrutura - África, Portugal e Emirados Árabes conquistou contrato para a construção de linhas de transmissão de energia em Laúca, Angola, no valor de US$ 797 milhões.
Em outubro, o consórcio formado pela Odebrecht Infraestructura - América Latina e a espanhola Acciona venceu licitação para a construção da Linha 1 do Metrô da cidade de Quito, com contrato de US$ 1,722 bilhão, financiado pelo BID, pelo Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento do Grupo Banco Mundial e pelo CAF.
No Panamá, o consórcio Nuevo Colón, formado pela Odebrecht Infraestrutura América Latina e a empresa panamenha Constructora Urbana venceu licitação em junho para reconstrução da cidade histórica de Colón, com a proposta no valor de US$ 537 milhões. No mesmo mês, o Metrô de Panamá confirmou o Consórcio Odebrecht/FCC Construcción vencedor da licitação para a linha 2 do metrô da capital, uma obra de US$ 1,86 bilhão financiada por bancos comerciais europeus, americanos e japoneses. O mesmo consórcio foi responsável pela construção da primeira linha do metrô da capital panamenha e da América Central, que entrou em operação em abril de 2014. Com informações do Estadão Conteúdo.