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O Ministério Público Federal (MPF) deu início, na última terça-feira, 18, a uma investigação para apurar a disseminação de boatos entre indígenas da etnia xavante, em Mato Grosso, sobre a aplicação de vacinas pelo Exército brasileiro.
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Segundo a Procuradoria, aldeias da região têm se recusado a dar seguimento a discussões com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, em razão da informação falsa de que os militares aplicariam imunizantes para exterminar os indígenas.
O inquérito será conduzido pelo procurador da República Everton Pereira Aguiar Araújo, titular do 1° Ofício em Barra do Garças, que fica a 516 quilômetros de Cuiabá, capital do estado.
De acordo com as apurações preliminares reunidas pelo MPF, pelo menos três comunidades indígenas, a aldeia Namunkurá e as terras Maraiwatsédé e Sangradouro, voltaram atrás em combinações anteriores e impediram a realização de ações de saúde em seus territórios. No caso da última, o secretário especial de saúde indígena, Robson Santos da Silva, e o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Xavante (Condisi), Clenivaldo Xavier, foram ao local e a ação terminou sendo realizada.
"Além do ocorrido nas terras indígenas, chegou ao conhecimento do MPF de que estaria circulando em mídias sociais dos indígenas Xavantes a informação de que a missão de saúde a ser realizada culminaria no extermínio dos Xavantes por meio da aplicação de vacinas", informou o Ministério Público Federal em nota.
Os militares e agentes de saúde também informaram que haviam placas proibindo a vacinação nas entradas das terras indígenas xavantes.
Coronavírus nas aldeias
O último boletim epidemiológico da Sesai, atualizado na quarta-feira, 19, aponta que já são mais de 20 mil índios infectados e 346 mortos em decorrência da covid-19.
O Mato Grosso é o segundo estado com mais vítimas fatais nas aldeias: foram 107, segundo dados reunidos pela Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib).
"A propagação das inverdades ("fake news") de que os indígenas seriam mortos pelo exército por meio da aplicação de vacinas tem o condão de gerar nas comunidades indígenas postura antivacina em relação ao covid-19 e até em relação a outras vacinas colocando os Xavantes em uma situação de extremo risco e vulnerabilidade", argumenta o MPF.