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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O último livro lançado por Fernanda Young, "Pós-F: Para Além do Masculino e Feminino" (ed. LeYa), rendeu um prêmio Jabuti e agora vai virar peça.
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O projeto começou antes da morte da escritora, que atuaria no espetáculo. Agora, a diretora Mika Lins e a atriz Maria Ribeiro se preparam para a estreia do espetáculo, no dia 12 de setembro, num formato que acabou sendo moldado pela pandemia. "Pós-F" será encenado no Teatro Porto Seguro, mas sem público presencial, transmitido online e ao vivo.
A pandemia também contribuiu para que a equipe fosse mais enxuta – cada um faz um pouco de tudo, como numa trupe de teatro mambembe.
E se há um certo pânico causado por estrear uma peça em tempos de uma crise como a atual, há um entusiasmo juvenil de se fazer algo novo, conta Maria Ribeiro.
"Em vez de ficar brigando com as circunstâncias, você tem que usar essas condições como linguagem artística, e não usar como limitação", diz Mika.
A necessidade do isolamento social atual acaba demandando inovações tecnológicas, mas também resgata práticas comuns nos primórdios da televisão, quando se fazia teatro ao vivo tbm. "É juntar a linguagem do teatro, da TV, do cinema", diz a diretora. "Diferente do Zoom, a gente tem quatro câmeras em cena e faz o corte ao vivo."
A peça traz uma seleção dos relatos autobiográficos que Young colocou no livro, numa discussão sobre o que significa ser mulher e ser homem. "Não é uma imitação que a Maria faz, é a Fernanda passando pelo filtro da Maria", diz Mika.
O cenário lembra "aqueles shows acústicos da MTV", diz Mika, com uma lona no chão e móbiles translúcidos com desenhos da própria Young, de sua filha, a cartunista Estela May, e da diretora da peça. O figurino tem um quê de um punk "meio Madonna, meio Frida".
A atriz e a diretora concordam que uma das grandes virtudes de Young era sua capacidade de reconhecer seus próprios erros, de mudar de ideia e de não ter medo de se contradizer.
"O livro tem várias coisas que a gente questionava. A beleza da Fernanda era a contradição, era o erro, o incerto", diz Maria Ribeiro. "Eu quero deixar viva a obra da Fernanda", diz a atriz, que compara a personalidade trangressora de Young com a de Leila Diniz. "Por algum motivo, essas mulheres muito icônicas morrem cedo."
Num mundo em que "ou você vai para a Flip ou tira foto de batom", Fernanda Young queria escrever livro e tirar selfie, diz Maria Ribeiro.
Nesta terça (25), a partir das 19h, data em que a morte da escritora completa um ano, Ribeiro faz uma live em seu perfil no Instagram. Ela, Mika e Monica Iozzi vão falar sobre a obra de Young e sobre o espetáculo.O trabalho mais recente de Young na televisão é a série "Shippados", estrelada por Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch e desenvolvida por ela e seu marido, Alexandre Machado.
Antes disponível apenas na Globoplay, a série chega ao GNT nesta terça (25), às 23h30. A autora deixou escrita metade da segunda temporada, que deve ser produzida em breve.
Young também entraria em cartaz com a peça "Ainda Nada de Novo", na qual interpretaria um casal homossexual com a atriz Fernanda Nobre. O espetáculo estrearia em São Paulo em setembro do ano passado.
A escritora sofreu uma crise de asma seguida de parada cardíaca no sítio de sua família em Gonçalves, interior de Minas Gerais. A atriz sofria de asma desde criança.