Preço do arroz pode subir ainda mais, diz associação de supermercados

Ronaldo Santos, presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), comentou sobre a alta do arroz

© Shutterstock

Economia Crise 11/09/20 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A tendência para o preço do arroz é de nova alta nos próximos dois meses se o consumo se mantiver no ritmo atual, afirma Ronaldo Santos, presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados).

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"Se a saca de 50 kg se mantiver na faixa de R$ 100, em 30, 60 dias podemos ver o repasse total ao consumidor no varejo. Pode ser que não chegue [ao repasse total], depende do mercado. A tendência é de alta, mas não em cima dos R$ 40 que estão comentando", afirmou em entrevista à reportagem nesta quinta-feira (10).

Segundo ele, o preço médio do pacote de arroz vendido em supermercados paulistas é de R$ 20 (variando entre R$ 18 e R$ 23), e o preço poderia aumentar para cerca de R$ 30 nesse prazo.

Os supermercados ainda não transmitiram todo o valor do alimento da indústria à gôndola, segundo Santos. Se o consumo não diminuir, o varejo terá de acessar novos estoques e um repasse seria inevitável, já que o preço na indústria deve se manter nessa faixa no curto prazo, afirma.

Apesar do aumento acumulado de 19% no preço do arroz este ano, de acordo com o IBGE, Santos diz que "não tem gente comprando pacote de R$ 40", e que a média de R$ 20 é verificada em marcas nacionalmente conhecidas.

O representante dos supermercadistas participou de reunião na tarde desta quinta com membros da Secretaria de Agricultura de São Paulo, da cadeia produtiva de alimentos e com o Procon-SP, que vai fiscalizar no varejo a disparada nos preços de produtos da cesta básica, como informou o Painel S.A.

Não foi a primeira vez que órgãos de defesa do consumidor foram a pontos comerciais para investigar a alta de produtos na pandemia. No início da crise, o feijão chegou a ser o vilão por algumas semanas.

No encontro, Santos afirmou que foi consensual entre os participantes a ideia de que não deve haver qualquer tipo de tabelamento de preço e que o único instrumento econômico possível, de modo a não alterar a dinâmica do mercado, é a retirada de taxa de importação, medida adotada pelo governo federal na quarta (9).

"Se criar regras artificiais, você tira interesse do produtor, que não aumenta a área plantada e aí, eventualmente, vamos ao desabastecimento", afirmou.

O governo anunciou isenção da tarifa de 10% a 12% para o arroz em casca e beneficiado, respectivamente. A medida vale para uma cota de 400 mil toneladas, o que representa cerca de 35% das importações brasileiras totais estimadas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para 2019.

Segundo Santos, o entendimento geral do mercado é que a elevação nos preços se deu por uma conjuntura macroeconômica que envolveu três principais fatores: pressão internacional sobre as commodities, aumento da demanda e alta do dólar, que impacta todos os elos da cadeia.

Há poucos dias, a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) sugeriu ao Ministério da Agricultura que considerasse isentar a taxa de importação do cereal, mas a pasta entendeu que não era adequado. Os supermercadistas não sabem o que fez o governo mudar de ideia, mas defendem a medida como um recurso para amenizar o preço, embora o resultado não deva ser imediato.

De acordo com a Apas, a previsão é que grandes redes tomem ações para restringir o consumo, com o intuito de não repassar ainda mais o valor. O Carrefour passou a limitar pontualmente em algumas lojas a quantidade de itens que podem ser comprados pelos clientes.

Uma série de alimentos do agronegócio bateram preços recordes este ano devido à alta na demanda interna e às exportações, impulsionadas pela desvalorização do real. Negociada a R$ 105 nesta quinta, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a saca de arroz valia R$ 45,3 no mesmo dia de 2019.

O preço do cereal em agosto atingiu recorde real da série do Cepea, iniciada em 2005. Em relação a agosto de 2019, as vendas externas cresceram 98%, enquanto importações caíram 43%.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem apelado aos supermercadistas para que o lucro com produtos da cesta básica "seja próximo de zero".

"Eu tenho apelado a eles. Ninguém vai usar caneta Bic para tabelar nada. Não existe tabelamento. Mas [estamos] pedindo para eles que o lucro desses produtos essenciais para a população seja próximo de zero. Eu acredito que, com a nova safra, a tendência é normalizar o preço", afirmou.

Na última sexta (4), Bolsonaro pediu "patriotismo" às redes de supermercado para evitar a alta de preços da cesta básica.

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