© DR
O termo ortorexia – junção dos termos gregos "ortho", correto, e "orexis", apetite – surgiu no livro "Health Food Junkies" (Viciados em comida saudável) do médico americano Steven Bratman. Conta a Folha de S. Paulo que o livro de 1997 já falava sobre a tendência do "vício" fora de limites por alimentos supostamente perfeitos.
PUB
Mesmo com muitas pesquisas sobre o tema, a ortorexia ainda não é reconhecida como um transtorno alimentar distinto nos manuais de referência mas tem sido cada vez mais presente nos consultórios.
A ortorexia também causa emagrecimento excessivo mas é diferente da anorexia. Em entrevista à Folha, a médica nutróloga Maria del Rosario, diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) disse que a principal questão é a autoimagem corporal.
"Quem tem anorexia se olha no espelho e se enxerga gordo, mesmo estando muito magro. O ortoréxico não costuma ter esse problema. Ele se vê magro, mas muda a alimentação por uma questão de saúde", explica.
Uma pessoa com ortorexia se impõe tantas restrições que acaba sem conseguir comer com a família e os amigos. Isso causa isolamento e pode levar a ansiedade e depressão, segundo del Rosario.
Casos
A publicação conversou com a funcionária pública Thaís Sundfeld, 32. Ela conta que passou a controlar rigidamente a alimentação. Mas o desejo de comer de forma saudável começou a prejudicar sua vida pessoal.
"Uma refeição fora de casa, mesmo na casa da minha avó, gerava um estresse enorme. Sentia culpa e ansiedade. Não conseguia fazer concessões", explica.
Outra jovem, Julia, 25 anos (que prefere não divulgar seu sobrenome), refeere que desenvolveu pânico de comer na frente de conhecidos e chegou a levar marmita para a festa de casamento da irmã.
Essa doença, além de pôr em risco a saúde, com a falta de nutrientes essenciais, também atrapalha significativamente as relações sociais e afetivas.
"A preocupação excessiva com a alimentação passa a dominar a vida da pessoa. Torna-se uma obsessão", explica a médica Sandra Carvalhais, coordenadora da pós-graduação em psiquiatria do Instituto de Pesquisa e Ensino Médico, em São Paulo.
Ajuda
Especialistas explicam que o ideal é procurar tratamento multidisciplinar, com psicólogo, psiquiatra e acompanhamento nutricional. Como as restrições alimentares podem ser diferentes, os efeitos da ortorexia variam de pessoa para pessoa. Há desde casos sérios de subnutrição até deficiências de nutrientes.