Klein confia no credenciamento do laboratório antidoping

O diretor executivo da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Marco Aurélio Klein, disse acreditar firmemente na possibilidade de o Ladetec, único laboratório brasileiro autorizado a fazer exames antidoping, conseguir o recredenciamento na Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) a tempo de poder funcionar durante os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

© Reuters

Esporte Análises 28/08/13 POR Agencia Estado

Klein decidiu não recorrer à CAS (Corte Arbitral do Esporte) para pleitear a anulação do descredenciamento, porque o trâmite jurídico poderia consumir muito tempo, e vai recomeçar o processo de credenciamento do zero. Para tanto, foi agendada uma reunião da sede da Wada, em Montreal (Canadá), no dia 6 de setembro, para traçar um plano. O processo pode consumir dois ou três anos.

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"Em nenhum momento a Wada aventou a possibilidade de não reacreditar o Ladetec. Não tenho dúvida de que ele será reacreditado. No limite, a Wada pode determinar que seja levantado um novo prédio, e nós estamos justamente fazendo isso: estamos construindo um novo laboratório", explicou Klein.

O novo Ladetec está sendo erguido no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em frente ao antigo, que começou a operar em 1989 para a realização de testes durante a Copa América de futebol. A previsão é que a construção seja concluída em abril do próximo ano, segundo Klein.

"O processo de credenciamento pode durar dois ou três anos, ou mais. No México, foi necessário mais tempo. Já o credenciamento do laboratório de Buenos Aires nem saiu ainda. A Wada fala em conduzir o processo pela via rápida. Quanto antes esse processo estiver concluído, melhor. Haverá mais tempo de treinamento para os oficiais de controle de dopagem. A meta da ABCD é termos zero caso de dopagem de atletas brasileiros em 2016. E, para isso, é fundamental termos um laboratório", defendeu.

Klein contestou declarações dadas por especialistas em doping como Eduardo de Rose, que é membro da Wada, e Thomaz Mattos de Paiva, presidente da Comissão Antidoping da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Paiva chegou a dizer que os problemas do Ladetec advêm da falta de recursos e da burocracia que atrasaria a liberação de verba. "Desde 2010, quando eu era diretor de alto rendimento do Ministério do Esporte, tenho observado que todas as demandas feitas pelo laboratório ao governo federal foram atendidas", lembrou o diretor executivo da ABCD.

A burocracia que atrasava o desembaraço de amostras de urina na alfândega, o que não raro adulterava suas propriedades devido à degradação, é coisa do passado, segundo Klein. "O recebimento de amostras de urina é um processo historicamente novo. Nós nos reunimos com autoridades da Receita Federal, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e até mesmo com representantes da Associação Brasileira dos Couriers para estudarmos o processo. Foi formado um grupo de trabalho que em cem dias propôs soluções. Desde o fim de janeiro, começo de fevereiro, o processo está muito mais ágil. Foram criados procedimentos para a entrada da urina no País, com processo, estabelecimento de padrão de caixa e selo da ABCD, por exemplo", contou.

O aperfeiçoamento do processo de importação de reagentes teria beneficiado até mesmo os laboratórios forenses, segundo Klein. Um dos motivos que levaram o Ladetec a receber a pontuação de 30 pontos negativos, o que decretou seu descredenciamento na Wada, teria sido a dificuldade para a importação de reagentes para a calibragem das máquinas.

Num período de quatro meses, o laboratório brasileiro falhou em três testes de material enviado pela Wada - cada erro penaliza o laboratório em dez pontos negativos. "As máquinas necessitam de reagentes em quantidades microscópicas, em quantidades com nove casas decimais depois da vírgula. Nós tínhamos que pedir emprestados reagentes de outros laboratórios, que podem ter chegado já degradados. Isso realmente nos prejudicou e é parte da razão do descredenciamento. Não havia processo para essa importação. Agora faremos a primeira importação desse material", afirmou Klein.

Outros motivos seriam as próprias limitações físicas do prédio antigo e a falta de pessoal. Essas questões estão sendo atacadas, de acordo com Klein. Será publicado, em breve, um edital para a contratação de funcionários para o laboratório, avisou o secretário executivo. "Os grandes investimentos estão previstos. É um trabalho difícil, mas precisa ser feito", concluiu Klein.

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