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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu na madrugada deste domingo (20) a visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, a Roraima, na reta final da eleição americana.
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Nas redes sociais, Bolsonaro escreveu que a visita representa o quanto Brasil e Estados Unidos "estão alinhados na busca do bem comum".
"Parabenizo o presidente Donald Trump pela determinação de seguir trabalhando, junto com o Brasil e outros países, para restaurar a democracia na Venezuela", completou.
Na sexta-feira (18), Pompeo desembarcou em Roraima para uma visita de um dia ao Brasil. Acompanhado pelo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, ele conheceu as instalações da Operação Acolhida e se reuniu com familiares de venezuelanos que migraram para o Brasil.
"Nossa missão é garantir que a Venezuela tenha uma democracia. Nós vamos tirá-lo [Nicolás Maduro] de lá", disse Pompeo.
O ditador venezuelano é um dos principais focos de ataque da campanha do republicano, que defende e aplica sanções contra o regime.
A visita provocou a reação de políticos brasileiros. Ainda na sexta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que se tratava de uma "afronta às tradições de autonomia e altivez" da política externa brasileira.
Maia também lembrou que os Estados Unidos estão em período eleitoral, na qual o presidente Donald Trump busca a reeleição.
"A visita do Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, nesta sexta-feira, às instalações da Operação Acolhida, em Roraima, junto à fronteira com a Venezuela, no momento em que faltam apenas 46 dias para a eleição presidencial norte-americana, não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa", diz Maia na nota.
O presidente da Câmara dos Deputados também afirmou que seria necessário manter um convívio pacífico com os países vizinhos.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou suas redes sociais para também expressar indignação com a visita de Pompeo.
"Foi um desrespeito frontal à soberania do Brasil a atitude do ministro das Relações Exteriores, ao dar palco a descabidas declarações belicistas sobre Venezuela feitas em Roraima pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, escreveu Lula.
O ex-presidente também expressou apoio a Maia, por sua manifestação contrária à visita.
"O povo brasileiro não quer uma guerra norte-americana por petróleo na América do Sul, ainda mais a partir do nosso território. Queremos paz e cooperação com nossos vizinhos. A era do porrete acabou", afirmou, em referência à política do ex-presidente americano Theodore Roosevelt (1858-1919), contrário à ingerência de europeus em assuntos do continente americano e também proibindo ações na região que não partissem dos Estados Unidos.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) também usou suas redes sociais para afirmar que a "interferência dos EUA no Brasil ultrapassou todos os limites".
"A presença de Mike Pompeo afrontando a Venezuela em território nacional é inconstitucional. Nosso país não pode virar um pária internacional pelo servilismo a nações externas", escreveu.
O primeiro membro do governo a sair em defesa da visita havia sido o ministro das Relações Exteriores. Ernesto Araújo havia dito que a manifestação de Maia "baseia-se em informações insuficientes e em interpretações equivocadas".
O chanceler também disse que sentia "orgulho" em trabalhar com os Estados Unidos.
"O povo brasileiro preza pela sua própria segurança, e a persistência na Venezuela de um regime aliado ao narcotráfico, terrorismo e crime organizado ameaça permanentemente essa segurança. O povo brasileiro tem apego profundo pela democracia e o regime Maduro trabalha permanentemente para solapar a democracia em toda a América do Sul", afirmou em nota divulgada pelo ministério.
O chanceler afirmou que Brasil e Estados Unidos estão na "vanguarda da solidariedade ao povo venezuelano, oprimido pela ditadura Maduro".
"Muito me orgulho de estar contribuindo, juntamente com o secretário de Estado, Mike Pompeo, sob a liderança dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, para construir uma parceria profícua e profunda entre Brasil e Estados Unidos, as duas maiores democracias das Américas. Só quem teme essa parceria é quem teme a democracia", completou.